A magnitude dos terremotos ocorridos nos últimos seis meses no Brasil fez o projeto de criação de uma rede sismográfica nacional ganhar força. Na quarta-feira, 24, o chefe do Departamento de Sismologia da Universidade de Brasília (UnB), Lucas Barros, apresentou os detalhes da proposta aos assessores do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. “O tremor de ontem (terça-feira) ajudou a sensibilizar as autoridades sobre a necessidade da rede. Precisamos de parcerias porque criar estações e operá-las não é algo barato”, comentou Barros.
A reunião estava marcada havia alguns meses, mas coincidentemente ocorreu no dia seguinte ao registro do maior tremor de terra no Estado de São Paulo – 5,2 na escala Richter. O abalo, cujo epicentro foi no Oceano Atlântico, a 270 quilômetros da capital paulista, também foi o maior ocorrido no País nos últimos dez anos. O terremoto foi sentido em cinco estados: São Paulo, Minas Gerais, Rio, Paraná e Santa Catarina.
O projeto da rede de sismografia prevê inicialmente a instalação de 40 estações de monitoramento em pontos considerados estratégicos. Cada estação vai detectar os tremores, incluindo os de magnitude inferior a 2 pontos na escala. “Hoje é difícil registrar os sismos pequenos. As estações que existem estão distribuídas de maneira disforme e os instrumentos estão ultrapassados”, explicou o professor.
A criação da rede, no entanto, não permitirá que novos tremores sejam previstos. Barros explica que a principal função é monitorar os pontos onde a atividade sísmica é maior e, se necessário, pensar em medidas que possam dar maior segurança à população quando o tremor ocorrer.