O ranking é resultado de uma pesquisa realizada pela organização não-governamental Transparência Internacional e foi divulgado pela ONG nesta quarta-feira em Bruxelas.
O Índice de Pagadores de Propina (PBI) 2006, que norteia o ranking, foi computado através da Pesquisa de Opinião Executiva (Executive Opinion Survey) do Fórum Econômico Mundial.
Foram consultadas 11.232 pessoas de 125 países com experiência em negócios internacionais. Dessas, 8.034 responderam ao questionário.
Metodologia
Os executivos foram questionados, com base em uma lista de países, quais as nações que mais possuem empresas que fazem comércio com/no seu país natal. Em seguida, eles deveriam dar uma nota para as nações citadas em relação ao pagamento de propinas e à realização de pagamentos não-documentados.
A respostas deveriam estar em uma escala de 1 (propinas são comuns) a 7 (propinas nunca ocorrem). As notas foram convertidas em uma contagem entre 0 (países mais corruptos) e 10 (países menos corruptos). O ranking é formado através da média desses valores sem levar em conta a distribuição dos executivos por país.
As 30 economias listadas no Índice de Pagadores de Propina (PBI) 2006 estão entre as líderes internacionais ou regionais e a soma de suas exportações representou, em 2005, 82% do total das exportações do globo.
Os mais lembrados
Dos mais de oito mil executivos que responderam ao questionário, 1.317 citaram o Brasil com um dos países com o qual empresas do seu país comercializam. O recorde de citação foi da Alemanha, que mesmo tendo sido lembrada por 3.873 executivos, ficou em 7º lugar entre os países menos corruptos.
A segunda colocada em número de citações pelos executivos foi a China. Mencionada 3.448 vezes, foi considerada a 2ª nação mais corrupta do mundo.
A pesquisa dividiu os países em 4 rankings de corrupção, dependendo do quanto os executivos consideram provável haver sistema de propina em cada um. O Brasil ficou no 3º grupo menos corrupto, junto com Hong Kong, Israel, Itália, Coréia do Sul, Arábia Saudita, África do Sul e Malásia.
Os outros foram: Suíça, Suécia, Austrália, Áustria, Canadá, Reino Unidos, Alemanha, Holanda, Bélgica, Estados Unidos, Japão no grupo 1; Cingapura, Espanha, Emirados Árabes, França, Portugal, México no grupo 2 e Taiwan, Turquia, Rússia, China e Índia no grupo 4.
Público versus privado
De acordo com os executivos entrevistados, a maior parte das empresas controladas por capital estrangeiro é menos passível à corrupção do que as de capital privado local. Exceções ocorrem na África do Sul, Turquia, Malásia e China. No Brasil, assim como na Índia, na Itália, em Portugal e em Cingapura, esse índice é exatamente o mesmo.
Os resultados mostram ainda que os entrevistados avaliam companhias estrangeiras diferentemente, dependendo da região onde elas estão operando. As companhias dos países avaliados têm uma propensão maior a conceder propinas em regiões de baixa renda.
Companhias japonesas parecem ser menos prováveis de pagar propinas na Europa do que em outras partes do mundo.
Os africanos são os que possuem uma imagem mais diferente das companhias dependendo dos países. A performance de França e Itália em particular caiu consideravelmente quando avaliada por executivos africanos. Na avaliação africana, a Itália teve uma redução de pontos de 5,94 para 5,03. A França, por sua vez, cairia de 6,5 para 5,43, o que a faria passar do segundo para o terceiro grupo. Porém, nenhum dos países tem uma atuação tão ruim quanto a Índia, que ficaria sozinha no quarto grupo caso a contagem fosse feita somente por executivos africanos.
A pesquisa
Os resultados mostram uma variação relativamente pequena nas contagens. A Suíça, considerada a mais honesta, tem pontuação de 7,81, enquanto a Índia, última na contagem, possui uma nota de 4,62. Isso, segundo os organizadores do levantamento, mostra uma propensão considerável de companhias de todas as nacionalidades para efetuar propinas quando atuam em outros países.
Apesar de considerarem aspectos diferentes, a pesquisa teve resultado bastante semelhante ao Índice de Percepção de Corrupção, medido em 2005, o que mostra uma correlação entre os dois índices. O do ano passado media a percepção de funcionários públicos e políticos em relação à corrupção nestes países, enquanto que o de 2006 mede a propensão de suas empresas a executar propinas enquanto trabalham no exterior.
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