Além da cana e do milho, o país conta com produção de etanol a partir do sorgo e realiza testes com outros cereais, como trigo
A produção de etanol no Brasil é crescente a cada ano. Além da cana de açúcar e do milho, as indústrias começam a utilizar outros cereais, fomentando outras culturas como o sorgo e o trigo.
O etanol de milho representa hoje em torno de 20% da produção do biocombustível no país. A previsão para a atual safra é que sejam produzidos oito bilhões de litros, processando em torno de 17 milhões e 18 milhões de toneladas.
Na safra 2023/24 de milho o Brasil, segundo a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), produziu pouco mais de 115,7 milhões de toneladas. As projeções para o ciclo 2024/25 são de 119,7 milhões de toneladas, um aumento de 3,5%.
O que, de acordo com o presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), Guilherme Nolasco, mostra que o Brasil ainda “tem milho para as cadeias de consumo e excedentes para abastecer a China, a Europa e vários países do mundo”.
Em entrevista ao programa Direto ao Ponto desta quinta-feira (24), Nolasco lembra que em 2024 se completa sete anos da fundação da entidade, que nasceu no momento em que a primeira usina 100% etanol à base de milho começou a operar.
Conforme ele, o crescimento da área de milho em Mato Grosso em 50% nesse período mostra que a indústria do etanol de milho segue “incentivando, em função de contratos antecipados de compra, uma relação muito próxima com o produtor”.
Novas rotas de produção de etanol
O presidente da Unem frisa que ainda a entrada de novas rotas de produção de etanol devem fomentar, não só a produção do biocombustível, mas, principalmente, de culturas que possam ser utilizadas, à exemplo do sorgo.
“Nós estamos entrando em um terceiro fator que é o setor partindo para o sorgo numa maneira de estender a janela de plantio de verão. Em regiões, como no Matopiba, em que você tem um regime de poucas chuvas para a segunda safra, a rusticidade do sorgo traz essa condição dessa área ser plantada”.
Nolasco comenta que em Mato Grosso existem cerca de dois milhões de hectares, por exemplo, que “não conseguem receber a segunda safra de milho, porque é o calendário final das chuvas, mas conseguem receber o sorgo”.
“Acho que o etanol de milho não vai passar de 20% da produção nacional. O setor cresce junto com a produção de milho e estão entrando novas rotas de produção. O sorgo é uma delas. No Rio Grande do Sul temos trigo. [Falamos hoje que] somos produtores de etanol de cereais”.
Combustível do Futuro é a maior política aprovada
No que tange ao “Combustível do Futuro”, o presidente da Unem afirma que “é a maior política de estado dos últimos tempos aprovada” e que deverá trazer benefícios para o produtor rural.
“O Brasil aprovou uma legislação onde ele mostra ao mundo que a sua transição energética está baseada e tem como principal estratégia os biocombustíveis. Isso traz para o mercado grandes expectativas para a atração de investimentos”.
Ele comenta que o Brasil possui capacidade para chegar a 25% a mistura de biodiesel no óleo diesel, além de saltar de 27% a mistura de etanol anidro na gasolina para 35%.
“Os países que mais adicionam [etanol na gasolina] hoje estão na faixa 12%, 13%, 15% e nós estamos em 27% e vamos para 35%”, diz durante a entrevista ao Canal Rural Mato Grosso sobre o potencial do Brasil.