O Brasil é o segundo no ranking de países com mais dificuldades na contratação de profissionais, de acordo com pesquisa da Right Management, consultoria organizacional especializada em gestão de talentos e carreira.
Um estudo da empresa, realizado com 35 mil empregadores de 36 países, revelou que 64% dos entrevistados brasileiros relatam dificuldades para encontrar profissionais com os requisitos adequados às vagas oferecidas. O Japão lidera a lista, com 76%. Argentina e Cingapura aparecem em terceiro lugar, com taxa de 53%, seguidos pela Polônia, em que 51% dos entrevistados apontam esse problema.
Apagão de talentos
De acordo com a gerente-geral da Right Management na América Latina, Elaine Saad, o chamado apagão de talentos começou a dar sinais em 2008, mas com a crise financeira o quadro ficou mais brando. “Com a recuperção, a dificuldade na contratação volta a se tornar um desafio para as áreas de recursos humanos”, afirma.
A executiva explica que é importante entender que o mercado classifica como talento a pessoa com capacidades para atender às demandas da vaga. “Hoje a qualificação não está alinhada às exigências do mercado”, diz Elaine.
Para ela, isso se deve, especialmente, a três fatores: baixo nível de qualidade de muitos cursos, requisitos muito elevados por parte das empresas e ensino público deficiente. “A solução só virá em médio e longo prazos e será necessário trabalhar os três aspectos”, afirma
Áreas mais afetadas
Entre as posições em que há mais dificuldade de contratação estão: técnicos, trabalhadores qualificados, operadores de produção, secretários e assistentes pessoais, operários, engenheiros, motoristas, profissionais de contabilidade/finanças; profissionais de TI e representantes de vendas.
No cenário mundial, encabeçam a lista trabalhadores qualificados, representantes de vendas, técnicos, engenheiros, profissionais de contabilidade/ finanças, operadores de produção, secretários e assistentes pessoais, executivos de administração, motoristas e operários.
Vilões da contratação
Elaine explica que é difícil mapear quais fatores dificultam mais na hora da contratação, já que cada vaga tem demandas específicas, mas, segundo ela, em linhas gerais estão a qualidade da formação e a questão do idioma. “Há muitas empresas iniciando atividades no Brasil e o idioma, que antes era demanda apenas de cargos executivos, agora está se massificando”, diz.
Roberta Gonçalves, iG São Paulo