Quem tem hoje 30 anos de idade ainda se lembra do tempo em que não existia internet. Já quem tem 15, mal consegue imaginar como seria a vida sem a rede mundial. Em 2009, brasileiros de todas as idades e classes sociais estão conectados.
Alguns podem até ter acessado a internet poucas vezes, podem sentir alguma dificuldade ou desconforto ao navegar, mas certamente já ouviram falar desse mundo paralelo no qual é possível encontrar informação, velhos e novos amigos, diversão e também alguns riscos.
Um estudo feito pela Everis, consultoria multinacional de negócios e tecnologia da informação, em parceria com a Escola de Negócios da Universidade de Navarra, na Espanha, mostrou que um em cada dez usuários de internet no mundo está na América Latina – e de todos os latinoamericanos plugados na rede, metade está no Brasil, que já conta com 76,2 milhões de usuários, quase 40% da população brasileira.
O País é o quinto do mundo na lista das nações com maior número de pessoas conectadas. Só perde para China (285 milhões), Estados Unidos (234,4 milhões), Japão (89 milhões) e Índia (86,2 milhões). Outro levantamento, feito pelo Ibope/NetRatings, mostra que em julho os brasileiros passaram, em média, 24 horas plugados no mês, somando todas as horas por dia (veja mais sobre como o internauta brasileiro gasta seu tempo no gráfico ao lado).
Como já é característico da rede, a cada momento surge uma nova febre, e a atual é o “Twitter”, site de relacionamentos em que os usuários publicam fotos, vídeos e frases curtas e acompanham o dia a dia uns dos outros, o que resulta em troca de informações de todos os tipos. As redes sociais são os sites preferidos dos brasileiros.
De acordo com Alexandre Ichiro, mestre em Sistemas da Informação, os jovens passam, em média, 5 horas por mês só navegando no “Orkut”, site no qual quase metade (49,6%) dos usuários cadastrados é brasileira. Para Ichiro, a internet é vista como substituta para as sensações que não são experiementadas na vida real dos jovens.
“O convívio virtual, na teoria, supre a ausência de relações interpessoais. Mas a coisa fica complicada quando os jovens, ao se conhecerem pela internet, passam a compartilhar ideias e a trocar confidências, sem imaginar as conse-quências”, alerta.
O Ministério Público Federal (MPF) divulgou recentemente que o número de investigações de crimes cibernéticos no Brasil aumentou 318% entre 2007 e 2008. De 1.975 novas investigações, 1.650 eram relacionadas à pornografia infantil. Na maioria das vezes, as jovens vítimas são fisgadas em redes sociais e salas de bate-papo. A boa notícia é que, no Brasil, só 12% dos jovens preferem navegar na internet a ficar na companhia da família. “Por isso, a família pode desempenhar papel determinante na hora de esclarecer os filhos sobre os perigos da rede”, aconselha Ichiro.Apesar disso, a internet não é a grande vilã dos novos tempos.
O segredo é saber usá-la de modo produtivo, diminuindo riscos e filtrando informações confiáveis e úteis. Para quem sabe usar, só há vantagens. O terapeuta Eduardo Shinyashiki é especialista em educação e desenvolvimento pessoal e profissional. Para ele, “nessa terra sem lei sobram oportunidades de conhecimento e ferramentas úteis.
Mas a rede só é fonte de conhecimento quando o usuário procura por isso”. É aí que entram em cena pais e educadores. Segundo o especialista, a escola deve invadir o espaço virtual e ensinar o aluno a usar a rede com consciência. “Não podemos esperar que uma criança de 9 anos prefira um site educativo a jogos.
É função de pais e professores mostrar que sites educativos podem ser interessantes e divertidos”, aconselha o consultor. Sem dúvida o Brasil está conectado, e esse fenômeno parece irreversível. Mas só o uso responsável da rede pode trazer mais benefícios do que prejuízos para o desenvolvimento do País.
F.U/Por Juliana Vilas
