O Brasil foi em 2005 o segundo país mais caro para se viver da América do Sul, quesito em que só perde para o Chile. Argentina, Paraguai e Bolívia ficaram entre os mais baratos, segundo um estudo que comparou os preços e o Produto Interno Bruto (PIB) das nações do continente.
Os primeiros resultados do Programa de Comparação Internacional de indicadores de consumo, preços e PIB foram divulgados nesta quarta-feira no Rio de Janeiro por organismos internacionais. Entre os pariticipantes estão Banco Mundial (BM), Fundo Monetário Internacional (FMI), Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe (Cepal) e a agência de estatísticas do governo do Canadá.
Argentina, Chile e Uruguai mostraram melhores condições que os outros países da região no que se refere a indicadores de consumo das famílias.
Em termos de despesas per capita em bens e serviços, a Argentina está muito acima do resto da região, com 161 pontos, sobre um índice médio de 100.
Isso significa que a Argentina consome 61% a mais que a média dos 10 países da região. Em seguida, estão Chile e Uruguai, com vantagens de 48% e 43%, respectivamente, em relação à média.
Ainda acima da média está a Venezuela, com 108,7 pontos, enquanto aparecem abaixo da média regional o Peru (91,6), o Brasil (90,5), o Equador (88,5), a Colômbia (84,1), o Paraguai (69,8) e a Bolívia (52,7).
O valor que é pago por um litro de gasolina no Brasil serve para encher o tanque de um carro na Venezuela, destacou o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes.
Em países muito desiguais como o Brasil, os preços dos produtos e a alta concentração da renda limitam o acesso da população à riqueza. Isso explica, segundo Nunes, o sexto lugar ocupado pelo País no consumo das famílias, apesar de o Brasil ter a economia mais desenvolvida da região.
A Argentina tem um índice de despesa per capita de 175,9 pontos no consumo de alimentos e bebidas não alcoólicas, item onde as piores posições são ocupadas pelo Brasil, com 79,3 pontos, e pela Bolívia, com 66,2.
Educação e saúde pública e privada têm uma despesa de 153,8 pontos na Argentina, 147 no Chile, 125,8 no Uruguai, 86,5 no Brasil e 52,6 no Paraguai.
Entre os países andinos, esse indicador atinge 122,3 pontos na Venezuela, 112,6 na Bolívia, 82,3 na Colômbia e 77,8 no Equador.
Os índices levam em conta o critério de Paridade de Poder de Compra (PPC), que segundo os analistas, são suficientemente confiáveis para analisar produtos particulares.
Segundo esse critério, por exemplo, os livros são mais caros no Chile, no Brasil e na Venezuela, e mais baratos na Argentina.
A carne bovina é relativamente barata no Paraguai e na Argentina, e cara no Uruguai e no Chile. Os serviços telefônicos custam mais na Argentina e no Paraguai, e menos no Chile e no Brasil.
Comer em restaurantes pode ser barato no Brasil, Bolívia, Colômbia e Paraguai, mas caro na Argentina, Chile e Uruguai.
Os dados, que fazem parte de um projeto que inclui 100 países, são úteis para traçar políticas estruturais e, a curto prazo, medir o impacto dos níveis de preços em investimentos estrangeiros e avaliar condições de pobreza e imigração.
Também participaram do estudo os organismos de estatísticas de todos os países da América do Sul, com exceção do Suriname.