Uma reportagem do jornal espanhol El País afirma nesta segunda-feira que o Brasil e a Espanha tentam evitar que se acentue uma “desastrosa guerra de repatriações” travada desde algumas semanas pelos dois países.
O artigo relembra alguns dos principais episódios em que cidadãos brasileiros e espanhóis foram barrados em aeroportos dos dois lados do Atlântico, como resultado de um rigor incomum e dirigido na concessão de vistos para estrangeiros.
“O passaporte espanhol se transformou em um documento incômodo no Brasil. Entre 6 e 12 de março, 24 turistas espanhóis foram rejeitados nos controles de imigração de Salvador, Rio e Fortaleza”, escreve a repórter do principal diário espanhol.
“O Ministério das Relações Exteriores do Brasil não esconde que estas medidas constituem uma “reciprocidade” em relação à Espanha, que impediu a entrada de cerca de mil brasileiros no primeiro trimestre deste ano.”
Para o País, os episódios são uma “picuinha absurda que ameaça trincar as relações entre Brasil e Espanha” – motivados, talvez em parte, pela “necessidade (espanhola) de reprimir a imigração ilegal com mais rigor no momento em que a crise econômica se aproxima”.
Do lado brasileiro, diz o artigo, pesou a grande repercussão dada pela mídia nacional às repatriações de turistas de negócio e estudantes que chegavam à Espanha para participar de eventos acadêmicos.
Apesar disso, um diplomata ressaltou que os dois países ainda mantêm uma “excelente relação”, segundo o jornal.
Autoridades espanholas ouvidas na reportagem argumentam que os repatriados são bem tratados e têm seus direitos respeitados no aeroporto de Barajas, na capital espanhola. Mas duas brasileiras barradas voltaram assustadas depois de passar por uma experiência que o jornal descreve como “um pesadelo para qualquer pessoa normal”.
O presidente da federação espanhola de agências de viagens declarou ao País que a “guerra” das repatriações é “uma verdadeira pena”, porque as máfias de tráfico de pessoas, que atraem imigrantes ilegais para dentro da União Européia, “sempre cuidam para que eles cumpram todos os requisitos” para entrada no bloco.
G1