A contribuição ainda depende de aprovação do Congresso Nacional, como exige a legislação brasileira. Em entrevista concedida à Rádio França Internacional, o ministro disse que há notícias positivas sobre um começo de entendimento entre as facções palestinas, o que é essencial para a paz na região e para a construção de uma solução com Israel.
“Continuamos apoiando uma solução entre os dois Estados. Esperamos que o governo de Israel mantenha e fortaleça a sua ação no processo de paz”, destacou o chanceler.
O embaixador brasileiro em Israel, Pedro Motta, afirmou que o valor é alto, considerando que o Brasil é “pobre e em desenvolvimento”.
“O Brasil nunca foi um país doador, e esse caso representa uma mudança na nossa atitude, pois queremos contribuir para o alívio da situação humanitária e para a reconstrução da Faixa de Gaza.”
“Estamos fazendo um grande esforço para fazer uma contribuição significativa, e essa soma equivale à nossa doação anterior aos palestinos, na Conferência de Paris, em dezembro de 2007”, acrescentou o embaixador.
Segundo o diplomata brasileiro, os US$ 10 milhões doados pelo país em 2007 foram destinados a projetos elaborados pela Autoridade Palestina, que já foram aprovados, mas ainda não foram colocados em prática. A ajuda prevê a construção de escolas, laboratórios de hospitais e instalações esportivas.
Parte da doação de 2007 seria destinada à cooperação entre o Brasil e a Autoridade Palestina na área de desenvolvimento agrícola. Segundo o embaixador Pedro Motta, os projetos devem ser executados em breve.
Reformas
A secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, deve prometer US$ 300 milhões para a reconstrução de Gaza e US$ 600 milhões para cobrir déficits orçamentários da Autoridade Palestina, promover reformas econômicas, melhorar a segurança e apoiar projetos da iniciativa privada que sejam administrados pela Autoridade Palestina.
Ela foi enfática no sentido de que a verba, a ser aprovada pelo Congresso dos EUA, não pode ir para o Hamas.
“Temos trabalhado com a Autoridade Palestina para instalar salvaguardas que irão garantir que nossa verba só seja usada onde e para quem se destina, e não termine em mãos erradas”, disse ela.
A Comissão Europeia (Poder Executivo da União Europeia) anunciou na semana passada a intenção de doar 436 milhões de euros (552,6 milhões de dólares), também destinados à reconstrução de Gaza e a reformas na Autoridade Palestina.
Países árabes do golfo Pérsico pretendem destinar US$ 1,65 bilhão deem ajuda a Gaza ao longo de cinco anos. Eles disseram que outros países árabes poderão aderir ao plano.
Não está claro ainda se Israel abrirá as fronteiras para a passagem de enormes quantidades de material necessário para a reconstrução, como cimento e aço. Israel rejeita a entrada de materiais que supostamente poderiam ser usados na produção de foguetes dos militantes.
“O dinheiro é importantíssimo, mas não irá resolver o problema se não houver pressão da comunidade internacional sobre Israel para abrir todos os acessos a Gaza”, disse Gasser Abdel-Razek, porta-voz da ONG Oxfam International.