O Brasil retirou mais de 161,1 mil links e arquivos do ar na internet no primeiro semestre deste ano, sob acusação de conterem conteúdo pirata de músicas e filmes ou levarem a páginas com esse tipo de material. Os dados, obtidos são da APCM (Associação Antipirataria Cinema e Música), que monitora a rede para coibir esse tipo de prática. No mesmo período do ano passado, esse número foi de 15,6 mil.
A maior parte dos links retirados são de documentos guardados em armários virtuais, como o RapidShare (www.rapidshare.com), e o MegaUpload (www.megaupload.com), ou para arquivos torrent (em que partes do arquivo podem ser acessadas por outros internautas assim que são baixadas para o computador de cada usuário). Nos primeiros seis meses deste ano, foram deletados 118,7 mil desses links, com músicas e filmes.
No período também foram retirados 22,1 mil blogs do ar, por direcionarem para esse tipo de conteúdo. A APCM informa ter conseguido a remoção de 20,3 mil arquivos de redes de compartilhamento P2P (peer-to-peer), disponíveis em programas como o Kazaa e eMule.
Segundo a associação, o aumento no número de arquivos e sites retirados do ar não reflete necessariamente um aumento na incidência do crime, mas sim a melhora no combate à pirataria no Brasil.
“Como o acesso à banda larga está aumentando nos últimos anos, a tendência é que [o crime de pirataria] aumente. Por isso é necessário um trabalho educativo, para que as pessoas não pensem que a internet é uma terra sem lei”, afirma Fabiana Botton, analista de internet da APCM.
Dados da APCM indicam que 48% do mercado fonográfico é dominado pela pirataria –gerando uma queda de mais de 50% no faturamento do setor. A instituição afirma que 59% dos DVDs comercializados no país não são originais.
Para Botton, o maior problema para o combate à pirataria é a disseminação de links com esse conteúdo por meio de blogs e o Orkut –há comunidades na rede social destinadas apenas à troca desse tipo de conteúdo. “É um trabalho difícil, porque você remove o arquivo em um dia e no outro [dia] ele já está disponível de novo na internet”, diz Botton.
Para fazer essa verificação, a associação faz uma varredura na internet, colocando o nome de obras, principalmente lançamentos, em sites de busca, e também por meio de denúncias –a APCM tem uma “lista negra” de blogs que costumam disponibilizar esse material.
Como grande parte das gravadoras e das distribuidoras de filmes não coloca esse conteúdo na rede, a maioria dos arquivos é enquadrada como pirata. A APCM, então, notifica sites e provedores para que o conteúdo seja removido.
No primeiro semestre, os filmes mais “pirateados” foram “Gangster” e “As Crônicas de Narnia – Príncipe Caspian”.
Operação
No setor de software, a situação é similar. No primeiro semestre deste ano, foram retirados do ar 6.851 mil anúncios destinados à divulgação do comércio de produtos ilegais e 208 sites que comercializavam programas piratas, um aumento de 71% em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados são de um balanço conjunto de Abes (Associação Brasileira das Empresas de Software, BSA (Business Software Alliance) e ESA (Entertainment Software Association)
Na semana passada, uma operação da PF (Polícia Federal) resultou no indiciamento de 15 pessoas suspeitas de envolvimento na venda de produtos piratas pela internet. De acordo com a polícia, os produtos, vendidos em sites na internet, eram destinados tanto a vendedores ambulantes quanto a consumidores finais.
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