Novos temores sobre o desempenho da economia americana fizeram os investidores de todo o mundo se retrairem desde a última sexta-feira, e o mesmo ocorreu no mercado brasileiro. A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) fechou em baixa em um dia de forte volatilidade.
O Ibovespa –principal indicador da Bolsa paulista– caiu 0,51%, aos 60.452 pontos. O giro financeiro é de R$ 3,94 bilhões –bem abaixo da média do ano, de R$ 6 bilhões–, com cerca de 146 mil negócios realizados. O dólar comercial subiu 0,4%, vendido a R$ 1,743.
Para se ter uma idéia da turbulência em que o mercado brasileiro se encontra, o Ibovespa trocou de sinal onze vezes hoje –esteve seis vezes em alta e seis em baixa. O sinal vermelho só se consolidou no meio da tarde, quando o mercado americano deu indicações de que também fecharia no negativo.
“Hoje os preços oscilaram bastante”, disse Jason Vieira, economista-chefe da consultoria Uptrend. “Trata-se de um mercado para profissionais. Quem sabe mexer com essas altas e baixas ganha muito mais dinheiro. Já o investidor pequeno sofre.”
Muito da oscilação de hoje foi causada por dados conflitantes sobre o desempenho da economia americana.
Porém, o que trouxe um dado pessimista foi o mais observado pelos investidores, fazendo Wall Street indicar baixas.
O índice de confiança do consumidor da Universidade de Michigan foi esse catalizador para a turbulência. Ele caiu ao menor nível em 16 anos em março. A taxa chegou a 69,5 pontos –o menor desde fevereiro de 1992, quando atingiu 68,8 pontos. Economistas esperavam uma leitura na casa dos 70 pontos.
A informação é importante porque um consumidor pessimista tende a gastar menos –e o consumo é o principal motor da economia dos Estados Unidos, responsável por cerca de 70% do PIB (Produto Interno Bruto).
Por sua vez, os dados de gastos pessoais e de inflação foram um pouco melhores.
Os gastos pessoais subiram 0,1% e a renda pessoal cresceu 0,5% em fevereiro na comparação com janeiro –mais do que o esperado pelo mercado, que era queda de 0,1% nos gastos e crescimento de 0,3% na renda. Já o PCE –considerado o principal indicador de inflação dos EUA– subiu 3,4% no acumulado de 12 meses, ante 3,5% em janeiro, e o núcleo do índice (que exclui variações dos setores de energia e alimentos) subiu 2%.
“Não tem para onde piorar. E os dados mostram que, se não piorou, também não melhorou. É como o Fed [Federal Reserve, o BC americano] apontou: vamos ter um primeiro trimestre ruim, e o segundo de ajustes. Só depois voltaremos a ter um mercado mais previsível”, disse Vieira.
O Fed, por sinal, informou que injetará mais US$ 100 bilhões no mercado para garantir a liquidez dos bancos.
Embora o movimento traga alívio ao setor, acabou interpretado pelo mercado como um sinal de que a crise do crédito imobiliário de alto risco (“subprime”) ainda está longe de acabar. Com isso, os papéis dos principais bancos ficaram em baixa. Foram os casos, por exemplo, do Citigroup (-4,41%), Merrill Lynch (-4,7%), Washington Mutual (-3,89%) e Lehman Brothers (-2,17%).
Oi e Brasil Telecom
Alheio à turbulência reinante no mercado, os papéis da Oi (ex-Telemar) e da Brasil Telecom apresentam forte alta hoje, puxada pelo fechamento do preço de compra da Brasil Telecom pela Oi por R$ 8 bilhões.
As quatro maiores altas entre as ações listadas no Ibovespa são ligadas ao negócio: Brasil Telecom PN (8,52%), Brasil Telecom Participações PN (6,3%), e Telemar PN (6,06%), e Brasil Telecom Participações ON (5,2%).
Na outra ponta, os destaques negativos ficaram para a Petrobras (preferenciais perderam 0,68% e ordinárias recuaram 0,23%) e para a Cesp (preferenciais classe B caíram 6,9%).
F.on.L