O mercado de hotéis para gado (conhecidos como boitéis) cresce na cidade e impulsiona o processo de confinamento. O bom retorno financeiro daqueles que investem neste setor tem incentivado a adesão de muitos produtores que se dedicavam somente à cultura de grãos.
Segundo o diretor técnico de uma das empresas que presta assessoria para ‘boitéis’ e fazendas de confinamento de gado de Rondonópolis (210 quilômetros ao sul de Cuiabá) e região, Luciano Santos de Resende, a estimativa é de ampliar o número de gado nesses locais. “Das 135 mil cabeças bovinas confinadas este ano, queremos ampliar para mais de 200 mil”, afirmou.
Antes do surgimento do ‘boitel’ em Rondonópolis, o mercado de hotéis para bois era mais presente em fazendas e propriedades localizadas próximas às rodovias. De acordo com o pecuarista Reinaldo Aguiar, há cerca de 30 anos atrás, o recurso era uma necessidade, pois servia como um espaço disponível para o descanso do gado que viajava muito tempo da fazenda de origem até o frigorífico mais próximo – dependendo do local, a frota chegava a passar semanas nas estradas.
“Esse tipo de empreendimento dava lucro na época porque a rentabilidade do boi compensava realizar viagens longas. Agora não compensa mais e essas estruturas que oferecem apenas um local de descanso já estão perdendo espaço para aquelas que estão mais focadas em alugar o lote com intenção de engorda e venda do animal para os frigoríficos”, disse.
A estadia nesses hotéis de “beira de estrada” era cobrada por diária, pois a finalidade principal era somente o descanso e alimentação do animal, já que no dia seguinte ele já teria de voltar para o caminhão e seguir viagem. Agora a situação é diferenciada e a demanda passou a incentivar outra estratégia adotada por esses hotéis para gado como forma de permanecer no mercado. Uma espécie de adaptação, visando o desenvolvimento do setor e a industrialização da cidade.
“Antigamente não havia frigoríficos em nossa região. A vinda desses estabelecimentos para cá impulsionou o confinamento com intenção de abate para a comercialização da carne”, declarou Resende, referindo ao novo modelo de ‘boitel’ – no qual os proprietários alugam lotes para receber animais com intuito de passar, pelo menos 90 dias, em período de engorda.
As perspectivas para o futuro desse mercado na cidade são bastante otimistas. Conforme Resende, com base no comportamento do setor pecuário, tanto no ‘boitel’ – no qual o agricultor aluga um espaço -quanto no confinamento – período de engorda do boi que pode ocorrer junto ao ‘boitel’ ou na própria propriedade do pecuarista -, a tendência é de que aumente o número de propriedades que forneçam essa alternativa, influenciando também no número de cabeças de gado por propriedade. Atualmente, existem pelo menos seis ‘boitéis’ na cidade.
DC