Já é possível bisbilhotar qualquer câmera conectada à internet. Um site americano chamado Shodan permite que pessoas comuns sejam capazes de ter acesso às imagens registradas por equipamentos como webcams, câmeras de segurança ou mesmo babás eletrônicas. A plataforma digital, que funciona como um site de buscas de enderços de IP, revela o quanto é frágil a segurança da chamada internet das coisas (IoT, na sigla em inglês), que designa a conexão dos objetos do cotidiano à rede.
Rastreador – O site, criado em 2009 pelo programador americano John Matherly, funciona como uma ferramenta de pesquisa similar ao Google. Mas, em vez de buscar informações em sites da rede, os usuários do Shodan buscam computadores e dispositivos por meio de endereços de IP (o número de registro dos computadores, que funciona como uma identidade virtual) que estejam conectados à rede. Se não estiverem protegidos por uma senha, as imagens podem ser vistas por qualquer um. No caso das webcams, os usuários conseguem acessar as imagens e até mesmo interagir com a câmera ao vivo.
A ideia inicial do projeto de Matherly era criar um site que ajudasse empresas de tecnologia a identificar quem estava utilizando seus dispositivos e identificar falhas de segurança. No entanto, como pode ser utilizado por qualquer pessoa com conhecimentos básicos da linguagem computacional, o projeto passou a ser utilizado por hackers.
As câmeras estão vulneráveis porque compartilham as imagens de vídeo pela internet, mas não têm uma senha de autenticação que permita o acesso aos vídeos. A equipe do site britânico Ars Techina, especializado em notícias de tecnologia, conseguiu acessar diversas câmeras de IPs diferentes e interagir com elas por meio de um simples cadastro gratuito. Encontrou imagens como um bebê dormindo no Canadá, crianças chinesas na sala de aula e uma cozinha, na Espanha.
"O grande problema aqui não é apenas a privacidade pessoal, mas a segurança dos dispositivos da internet das coisas. Quanto mais expandimos a conectividade, com sistemas que afetam o bem-estar público e a vida humana – como dispositivos médicos ou espaciais -, as consequências das falhas podem ser maiores que as chocantes imagens de um bebê no berço visto pelas câmeras do Shodan", afirmou o pesquisador de segurança digital Scott Erven ao Ars Techina.
Até agora, a única saída indicada por especialistas para garantir a proteção das câmeras é a criação de senhas para todos os dispositivos conectados à rede. Contudo, pesquisadores de segurança digital acreditam que o problema só será resolvido com a combinação de ações federais e empresariais para garantir a segurança dos equipamentos.
(Da redação:Veja.Com)