quinta-feira, 07/11/2024
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Banco já ganha mais com tarifa do que com título público

As receitas de prestação de serviço, que incluem as tarifas bancárias, já ultrapassaram os ganhos dos bancos com títulos públicos – remunerados pela taxa básica de juros. Levantamento feito pela agência de classificação de risco Austin Rating mostra que a participação dos serviços atingiu 19,7% do total de receitas das instituições financeiras, ante 19,1% de títulos e valores mobiliários. Com isso, os serviços transformaram-se na segunda principal fonte de recursos dos bancos, atrás apenas das receitas de crédito, que respondem por 47,6% do total.

Em dezembro de 1995, as tarifas e taxas cobradas pelas instituições representavam apenas 9,8% das receitas totais. Com o fim dos ganhos com a inflação, os bancos tiveram de se adequar à nova realidade da economia brasileira e passaram a cobrar por serviços que antes eram gratuitos. E tiveram grande sucesso.

Só no primeiro semestre deste ano, as receitas de serviços dos dez bancos que apresentaram balanço até ontem somaram R$ 13,8 bilhões, um acréscimo de 22,8% em relação a igual período do ano passado. As receitas com títulos e valores mobiliários ficaram um pouco abaixo, em R$ 13,6 bilhões.

O presidente da Austin Rating, Erivelto Rodrigues, destaca que, em 1994, na estréia do real, as receitas de serviços cobriam, em média, 40% da folha de pagamento dos bancos. Hoje, representam 120%. Dados da EFC Engenheiros Financeiros mostram que até agora o campeão nesse quesito é o Itaú. A relação entre faturamento com serviços e despesas de pessoal é de 192%. Ou seja, o banco paga toda a folha de pagamento e ainda sobra dinheiro.

Para Rodrigues, apesar da redução, as receitas com títulos e valores mobiliários vão continuar tendo participação relevante para os bancos, até porque os juros ainda estão altos e dão boa rentabilidade. Outro motivo é a garantia de liquidez do banco. “”””Para ter uma boa gestão, é ideal aplicar o equivalente entre um patrimônio líquido e meio e dois em títulos públicos e manter a liquidez””””, explica ele.

A mudança na composição das receitas dos bancos tem se mostrado bastante eficiente. Os índices médios de rentabilidade do setor continuam em níveis elevados, em torno de 28%, segundo dados da Austin Rating. Além disso, na expansão do crédito, as instituições financeiras têm apostado em segmentos de maior risco, mas com retorno alto, como as pessoas físicas e as pequenas e médias empresas, destaca o analista da Lopes Filho, João Augusto Salles.

Ele lembra também que os índices de eficiência são positivos. No primeiro semestre, a média ficou em 44,2%. “”””O setor vive um ótimo momento. As taxas de juros ainda são altas, a demanda por crédito é pujante por causa do aquecimento da economia e as receitas de serviços são crescentes””””, avalia Salles.

Resultado disso são os lucros recordes divulgados semestre após semestre. Entre janeiro a junho deste ano, o ganho (dos dez bancos que apresentaram balanço até agora) foi de R$ 10,9 bilhões. Aproximadamente 73% desse valor refere-se ao lucro de Bradesco e Itaú, cujos ganhos foram de R$ 4,007 bilhões e R$ 4,016 bilhões, respectivamente. Os números mostram que os bancos sempre conseguem se adaptar à realidade da economia nacional, com ganhos sempre crescentes.

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Parmenas Alt
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