Previsão de analistas do mercado financeiro é de que o Copom eleve a Selic entre 0,75 e 1 ponto percentual para conter inflação
A taxa básica de juros, a Selic, deve subir entre 0,75 e 1 ponto percentual nesta quarta-feira (4) quando o Copom (Comitê de Políticas Monetárias), do BC (Banco Central), encerra a reunião que analisa o sistema monetário do país, por volta das 18h30.
É praticamente unanimidade entre os especialistas de que haverá elevação da Selic. A dúvida, porém, gira em torno de qual será o aumento. A maioria aposta em uma alta entre 0,75 e 1 ponto percentual.
Se confirmada, a elevação desta quarta-feira será a quarta consecutiva na nova política de elevações da Selic. Se a nova taxa básica chegar aos 5,25% ao ano, atingirá o maior patamar desde o fim de 2019.
Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), aposta em uma alta de 0,75 ponto percentual, mas não descarta a possibilidade de a elevação chegar a 1 ponto percentual.
“Particularmente eu aposto que a Selic chegue a 5% neste reunião do Copom, se seguirmos a política que o BC vem fazendo nos últimos tempos, mas não seria surpresa se o anúncio fosse de 5,25%”, pontua o economista.
Oliveira destaca, entretetanto, que a alta será efetuada não como uma forma de conter o consumo exagerado, como normalmente faz a política monetária, mas para frear a inflação.
O aumento ocorrerá no momento que registramos uma taxa de desemprego e de inadimplência elevados para tentar frear a inflação e numa tentativa de o Banco Central mostrar ao mercado que está atento e não deixará a situação sair do controle.
MIGUEL DE OLIVEIRA
Para o executivo da Anefac, o cenário de inflação elevada e a possibilidade de o aumento da energia elétrica por conta da estiagem e que impactará diretamente no preço de produtos e serviços, há espaço para uma elevação maior.
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, também espera que a Selic chegue a 5,25% nesta quarta-feira com a intenção de realizar nova alta na próxima reunião em 20 e 21 de setembro.
O movimento de alta é uma tentativa de conter uma precificação do campo restritivo de uma forma muito agressiva. Já temos a Selic em 7,50%, acima do juro neutro que estimamos, e uma aceleração muito rápida disso vai jogar a atividade econômica do ano que vem completamente na lona.
ÉTORE SANCHEZ
Em seu comunicado pré-Copom, a XP Investimento prevê a elevação da Selic em 1 ponto percentual sob a justificativa de que a aceleração é necessária para “manter ancoradas as expectativas de inflação”.
“Entendemos ainda que o Copom flexibilizará marginalmente a sinalização de plano de voo, para um nível final ao redor do patamar considerado neutro”, finaliza a análise.
Investidores esperam alta de 1 ponto percentual
Dos 75 investidores institucionais ouvidos pela XP entre 2 e 3 de agosto, 75% esperam que o Copom aumente a Selic em 1 ponto percentual.
Para as próximas reuniões, a maioria dos respondentes acredita que o Copom anunciará aumento de 1 ponto percentual em setembro (77%), seguido por 0,75 ponto percentual em outubro, 0,50 ponto percenteual em dezembro e zero ou menos em fevereiro.
Para o fim do ciclo, a mediana dos investidores indica taxa Selic final em 7,50%.
Juros básicos
A Selic é conhecida como taxa básica porque é a mais baixa da economia e funciona como forma de piso para os demais juros cobrados no mercado.
A taxa é usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações que as instituições financeiras fazem em títulos públicos federais.
Em linhas gerais, a Selic é taxa que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo para empresas ou consumidores em forma de empréstimos ou financiamentos.
Por esse motivo, os juros que os bancos cobram dos consumidores são sempre superiores à Selic.
A taxa básica também serve como o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, próxima da meta estabelecida pelo governo.
Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas alternativas de investimento.
Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Já quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.