domingo, 22/12/2024
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Baixas expectativas para economia, afetam balanços de bancos

De olho em economia mais fraca, bancões divulgam balanços
Em um momento tomado por expectativas no cenário econômico brasileiro, com os investidores à espera de um corte nos juros a partir das próximas reuniões do Copom, um dos setores que mais chama a atenção a cada trimestre é o dos bancos, principalmente pelas grandes instituições presentes no país.


Para os bancões (quatro maiores bancos atuantes no Brasil), o ano de 2022 até foi positivo, com números altos na linha dos lucros. Ao longo dos quatro trimestres, Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Santander Brasil faturaram juntos cerca de R$ 96,2 bilhões, um aumento de 6,3% em relação a 2021. No entanto, boa parte do desempenho foi comprometida pelos altos números de inadimplência em meio aos juros altos.

Segundo o analista da Estoa, plataforma focada em investimentos e em pesquisas multi-setoriais, Diogo da Silva, ainda que os bancos continuem a registrar lucros bilionários, o desempenho será impactado no longo prazo. “A tendência da inadimplência alta com o passar do tempo é fazer com que a receita dos bancos diminua, tendo em vista que a principal fonte de renda deles provém dos juros recebidos dos empréstimos”, afirma.

No entanto, o início do ano trouxe um componente a mais para refletir nos números dos grandes bancos. A inesperada recuperação judicial da Americanas em janeiro já fez com que uma série de providências fossem tomadas pelos bancos para se protegerem de um possível calote, mas isso ainda pode trazer efeitos neste primeiro trimestre.

Para Da Silva, os efeitos que a crise da Americanas terá nos grandes bancos nesses primeiros três meses de 2023 dependerão muito da exposição deles à varejista. “Os bancos que possuíam um valor maior emprestado à Americanas tendem a ser mais afetados do que os demais. Ainda assim, os impactos não seriam imediatos já que as dívidas ainda estão valendo”, declara.

Os primeiros resultados para o trimestre, divulgados pelo Santander no último dia 25 mostraram como os índices elevados de inadimplência foram importantes nos primeiros meses do ano. Em números absolutos, o Santander apresentou um lucro líquido gerencial de R$ 2,14 bilhões, uma queda de quase 47%.

Alguns dos fatores determinantes para a queda, além das provisões para se prevenir de possíveis calotes como o da Americanas que cresceram 139%, está o aumento das margens dos inadimplentes, e nesse início de ano, essa deve ser a tônica entre todos os grandes bancos.

A partir de agora, em meio a forte desaceleração da economia, os bancos deverão buscar formas de evitar uma queda nos lucros, “as projeções mais baixas, levam os bancos a adotarem políticas mais rígidas, restringindo o crédito e consequentemente reduzindo seus lucros”, analisa Da Silva

Projeções para 2023

O cenário ao longo deste ano deve continuar sendo afetado pelos altos níveis de inadimplência, no entanto, dois fatores serão observados de perto no decorrer dos próximos trimestres: inflação e juros. Desde o ano passado, o índice oficial da inflação, o IPCA vem caindo e tem feito os preços baixarem.

Junto a isso, está a esperança de um corte nos juros no segundo semestre. Os dois fatores devem causar impactos nos balanços. “Os números dos bancos são um termômetro para a economia. A depender disso, é possível ter uma ideia de como está o ambiente econômico, sobretudo pelo aumento da inadimplência, que demonstra uma perda da capacidade financeira da população”, afirma o analista da Estoa.

Os primeiros indícios para o desempenho dos bancões ao longo deste ano começam a ser vistos neste mês. Depois dos números do Santander, Bradesco (dia 4), Itaú (dia 8) e Banco do Brasil (dia 15), completam a fila.

Para da Silva, os bancos terão um 2023 ainda mais positivo, mesmo com todos os fatores negativos. “A redução da taxa Selic se mostra cada vez mais necessária, e a partir do segundo semestre isto pode produzir resultados positivos nos resultados bancários”, conclui.



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Parmenas Alt
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