Somente neste ano a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) já notificou 261 casos de dengue em Cuiabá. O município figura entre os quatro mais endêmicos de 2008 no Estado, atrás apenas de Barra do Garças e Matupá, conforme o último boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde. Uma criança de seis meses de idade morreu de febre hemorrágica (FHD) no município e outros dois casos suspeitos estão sendo investigados. Não só pelo número de ocorrências da doença, mas, também, pelo índice de infestação predial registrado, a situação preocupa as autoridades de saúde locais, que montaram estratégias para intensificar o controle e combate ao mosquito Aedes aegypti.
No próximo dia 5, a SMS inicia um arrastão, que irá percorrer 20 bairros distribuídos em quatro regionais da cidade e que apresentam os piores índices de infestação predial, conforme levantamento feito pelo órgão municipal.
De acordo com o diretor de Vigilância em Saúde e Ambiente, Wagner Simplício, o arrastão será lançado no Boa Esperança, bairro que registrou 29,4% de infestação. “É um bairro de classe média, onde moram pessoas bem instruídas, mas que estão dando um péssimo exemplo”, disse.
O levantamento foi feito em todos os bairros da cidade. Os outros cinco primeiros são o Pedra 90 etapa I e II, com 37,7%; Tijucal, com 31,6%; Dom Aquino, com 28,4%; CPA II, com 18,8%, e Coophema, com 16,4%. Segundo Simplício, 80% dos criadouros do mosquito estão nos quintais das residências.
O índice indica a quantidade de larvas encontradas em cada 100 residências avaliadas. No geral, o indicador médio na cidade está em torno de 3,5%. O satisfatório, em época de chuva, é de 1%.
Ao comentar que existe um relaxamento por parte de todas as classes sociais no combate às larvas do mosquito, Simplício lembrou que o Aedes aegypti é um mosquito “democrático” e não escolhe as suas vítimas.
Por isso, ele chamou a atenção da população para que mantenha os quintais livres dos criadores do mosquito e que recebam os agentes de saúde, que levam informações sobre a prevenção e o controle da doença.
Na Capital, são 270 agentes. “O trabalho será feito de casa em casa. Os agentes estarão levando informação e convocando a população para que assuma o seu papel de grande agente de combate à dengue”, comentou.
Outra estratégia adotada pelo município é que todos os pacientes que procurarem uma unidade de saúde com sinais clínicos da doença sejam notificados como dengue. “Isso, para que seja feita a investigação e, caso confirmado, fazer a ação de bloqueio”, observou.
Com esta medida, os casos de dengue clássica devem aumentar na Capital. Entretanto, Simplício pondera que o importante é fazer o efetivo controle da doença e tratar os pacientes a tempo e adequadamente evitando mortes. A confirmação ou não dos dois casos suspeitos de FHD deve sair até o início da próxima semana.
Criadouros do mosquito transmissor podem ser formados em até uma folha de árvore caída no chão, com espaço suficiente para a formação de uma lâmina d’água. Por isso, qualquer depósito que esteja à sombra e com água limpa dever ser higienizado ou eliminado dos quintais.
VÁRZEA GRANDE – A Secretaria de Saúde de Várzea Grande informou ontem que está descartada a suspeita de dengue hemorrágica para o paciente que esteve internado na UTI do Pronto-Socorro Municipal na primeira quinzena deste mês. O paciente, um homem de 39 anos, teria contraído dengue clássica, que apresentou complicações similares ao tipo hemorrágico da doença.