Um atentado a bomba ao lado da embaixada dinamarquesa em Islamabad, no Paquistão, matou pelo menos seis pessoas e feriu uma brasileira que trabalhava no local como contadora. Maria Nobre está no hospital com ferimentos leves. Segundo o governo dinamarquês, um funcionário da chancelaria está entre as vítimas e outros três foram feridos. Hospitais afirmam ainda que outras 32 pessoas estão feridas. Islamabad foi palco de demonstrações contra a Dinamarca no passado por causa da republicação de charges polêmicas com o profeta Maomé em jornais dinamarqueses.
O atentado ocorreu às 13h15 do horário local (03h00 em Brasília) nesta segunda-feira, 2. Um carro-bomba estacionado ao lado do prédio da embaixada explodiu, atingindo as casas vizinhas, inclusive a residência do embaixador brasileiro Carlos Eduardo da Fonseca Costa, que teve os vidros estilhaçados. O embaixador e sua esposa não se encontravam no local, e nenhum morador ou funcionário da residência ficou ferido.
Vários outros prédios e casas nas imediações também foram danificados pela explosão, que pôde ser ouvida em boa parte da cidade. O prédio da embaixada da Dinamarca está localizado em uma área nobre de Islamabad. Segundo o ministro de Relações Exteriores dinamarquês, Per Stig Moller, um funcionário da embaixada está entre os mortos no atentado, e outros três foram feridos.
Moeller disse que os quatro diplomatas dinamarqueses que estavam na delegação saíram ilesos, e informou que não se sabe quem foi o autor do ataque e o motivo, mas apontou a rede terrorista islâmica Al-Qaeda como possível culpada. “(O líder da Al-Qaeda, Osama) Bin Laden pediu há alguns meses para atacar a Dinamarca devido à publicação das charges de Maomé, mas também poderia ser o Taleban, por causa da presença de forças dinamarquesas no Afeganistão”, disse.
Nos arredores do local da explosão havia estilhaços espalhados pelo chão e marcas de sangue na calçada. Ainda não está claro quem teria realizado o atentado, já que os principais grupos militantes do Paquistão declararam um cessar-fogo recentemente. A polícia técnica já iniciou as investigações, mas o governo do Paquistão ainda não fez nenhum pronunciamento oficial sobre o atentado.
Moeller lembrou que a Dinamarca tinha intensificado a segurança de suas embaixadas nos dois últimos anos, por causa da “crise das charges”, e que na de Islamabad havia câmeras de vigilância e guardas de segurança do lado de fora.
Caricaturas de Maomé
A publicação de 12 caricaturas do profeta Maomé no jornal dinamarquês Jyllands-Posten em setembro de 2005 provocou, cinco meses depois, uma crise com o mundo islâmico, com boicote econômico a empresas dinamarquesas e manifestações de protesto contra a Dinamarca.
Várias delegações diplomáticas dinamarquesas, entre elas a de Islamabad, permaneceram fechadas durante meses por causa dos protestos e incidentes da comunidade islâmica nesses países. O artista ameaçado havia desenhado Maomé com uma bomba com pavio presa sobre seu turbante.
A crise ressurgiu em fevereiro deste ano, mas de forma menos intensa, depois que vários jornais dinamarqueses publicaram novamente as caricaturas, após a descoberta de que três pessoas foram detidas por supostamente preparar um atentado contra Kurt Westergaard, um dos cartunistas.