No país em que dever para a Receita Federal e sonegar sem ser preso é privilégio de políticos com imunidade e outros figurões com influência, dinheiro e poder, o cidadão comum sofre com a alta carga de impostos. De acordo com estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os mais pobres gastam proporcionalmente mais dinheiro com tributos do que os mais ricos do Brasil. Relatório divulgado pela organização, em 2008, indica que os 10% mais pobres gastam 32,8% dos rendimentos pagando taxas, enquanto os 10% mais ricos gastam 22,7%. Uma diferença que só reforça a desigualdade social que existe na sociedade atual.
Consertar a distorção vai além de reduzir os impostos. Segundo os especialistas, a principal falha do modelo atual é que as cobranças se concentram nos produtos consumidos pela população. Assim, um milionário gasta os mesmos R$ 7 em uma lata de leite em pó que alguém que junta moedinhas para comprá-la – e o Governo arrecada os mesmos R$ 2,5 (valores aproximados). Se, em vez dos impostos indiretos, a cobrança se concentrasse em impostos diretos como taxas sobre posse de imóveis, renda ou bens, e se o Governo cobrasse mais de quem tem mais ou ganha mais, a tendência seria a desigualdade social diminuir e a sociedade ficar gradualmente mais justa.
Outra mudança positiva seria aumentar a fiscalização e aperfeiçoar a cobrança de impostos de quem possui fortunas e tentar diminuir a evasão de recursos para o exterior. É comum quem tem muito dinheiro comprar dólares e investir fora do País como forma de escapar da cobrança de impostos.
Concentração de riqueza é absurda no Brasil
A Folha Universal já chamou atenção para as desigualdades sociais e como o atual modelo de cobrança de impostos castiga mais quem não tem dinheiro. Em maio, assim que a pesquisa do Ipea sobre o assunto saiu, o jornal publicou reportagem indicando os
problemas e a necessidade de mudanças. No Brasil, 10% dos mais ricos
concentram 75% da riqueza.
F.Uni