Israel intensificou nessa quinta-feira os ataques contra alvos no Líbano, e já são pelo menos 47 o número de libaneses mortos na ofensiva iniciada desde a captura de soldados israelenses pelo grupo islâmico libanês Hezbollah. Israel atingiu o aeroporto internacional de Beirute, bloqueou portos libaneses e atacou a rede de televisão do Hezbollah, intensificando ataques no sul do país. Além dos mortos, cerca de 100 pessoas ficaram feridas, de acordo com o ministro da saúde libanês Mohammed Jawad Khalife.
As ações foram uma continuação da represália contra o Líbano, que realizou um intenso ataque com foguetes lançados pelo Hezbollah e, além de capturar dois soldados israelenses, matou oito soldados. Num dos bombardeios de Israel, dez pessoas de uma mesma família acabaram morrendo, entre elas quatro brasileiros, em uma aldeia no sul do Líbano, de acordo com a rede Globonews. É o pior conflito entre os dois países dos últimos 24 anos.
Depois dos ataques aéreos ao aeroporto, o chefe do Exército de Israel, o general Dan Halutz, comunicou que “nada está seguro no Líbano”. Ele disse que a capital libanesa – particularmente as casas de oficiais do Hezbollah – será o principal alvo.
O Hezbollah alertou que iria bombardear o porto de Haifa, um porto chave de Israel, caso a cidade de Beirute fosse atingida. Se Haifa, a terceira maior cidade de Israel, for atacada, será a maior ofensiva de guerrilhas contra o país.
O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, criticou, nesta quinta, o Hezbollah, por atrapalhar a tentativa de se estabelecer a paz do Oriente Médio. “Minha posição é essa: existe um grupo de terroristas que quer acabar com a paz”, declarou Bush em uma coletiva de imprensa, na Alemanha. “Quem quer a paz deve se unir para ir contra aqueles que não querem”, acrescentou.
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, também falou sobre a ofensiva de Israel no Líbano. “Israel está espalhando o medo de uma nova grande guerra regional”, disse ele, pedindo para que países com maior poder interfiram no conflito para “impedir graves estragos”.
Hezbollah contra-ataca
O grupo libanês xiita Hezbollah (Partido de Deus) informou na manhã desta quinta-feira (horário local), em comunicado, o lançamento de uma série de foguetes contra posições israelenses na fronteira. Segundo a emissora “A Voz do Líbano”, mais de 60 Katyusha caíram em Naharia, ao norte de Israel. De acordo com o Canal 2 de televisão de Israel, uma mulher morreu e outras duas pessoas foram feridas no ataque a Naharia.
Centenas de moradores de Naharia, que fica a cerca de 10 quilômetros da fronteira de Israel com o Líbano, estão abandonado a cidade, depois de ruas serem atingidas por dezenas de foguetes disparados pelo Hezbollah.
Fontes militares israelenses não descartam a possibilidade de o Hezbollah utilizar foguetes de maior alcance, que possam chegar a cidades bem mais ao sul, como Haifa e Netânia. Por enquanto, as forças de segurança aconselham os moradores das localidades do norte do país a permanecer nos abrigos e não consideram necessária uma evacuação em massa.
França critica Israel
O ministro de Relações Exteriores francês, Philippe Douste-Blazy, criticou a ofensiva israelense contra o Líbano, que definiu como “uma ação de guerra desproporcional, que obriga toda pessoa que quer entrar no Líbano a passar pelo mar ou pela Síria”.
O ministro alertou para “o risco” de que o Líbano volte aos “piores anos da guerra, com a fuga de milhares de libaneses que vão querer fugir quando estavam reconstruindo seu país”. Também chamou a atenção para o “perigo de uma escalada de violência que pode desestabilizar toda a região”. Para evitar que isso aconteça, Paris apóia a reivindicação de Beirute de uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU.
O diplomata defende que a integridade territorial do Líbano tem de ser respeitada, e pediu “a libertação imediata e incondicional” tanto dos soldados israelenses capturados quanto dos dirigentes do Hamas, “porque o direito internacional não autoriza a captura de autoridades eleitas”.
A ministra da Defesa, Michèle Alliot-Marie, ressaltou que a situação “não pode perdurar”, pois as conseqüências para a região e para todo o mundo podem ser graves. “O que ocorre no Oriente Médio serve também de pretexto ao terrorismo”, observou.