A Associação para os Povos Ameaçados (APA) considera “vergonhosa” a homenagem do Papa no Mausoléu de Atatürk em Ancara, e lembrou hoje que o chamado pai da Turquia moderna é o responsável pela morte de 200.000 cristãos.
Em comunicado tornado público em Roma, a APA assinalou que os documentos conservados nos Arquivos Vaticanos “deveriam ter bastado para o principal responsável da Igreja católica romana para elucidar o massacre e fuga de centenas de milhares de cristãos nas décadas de 1920 e 1930 na Turquia de Kamal Atatürk”.
“É vergonhosa a homenagem (que Bento XVI rendeu na terça-feira após sua chegada à capital turca)”, declarou a APA, ao ressaltar que “após o genocídio cometido pelos chamados Jovens Turcos contra 1,5 milhão de armênios e cerca de 500.000 cristãos assírios arameus, Atatürk continuou com a eliminação de cristãos”.
A Associação para os Povos Ameaçados acrescentou que “pelo menos 200.000 cristãos” foram vítimas dos homicídios de massa cometidos na área de Esmirna (atualmente chamada Izmir) e na Trácia oriental.
A associação internacional de ajuda a povos minoritários e em defesa dos direitos humanos acrescentou que, segundo outras fontes, que não citou, os massacres atingiram 350.000 cristãos.
A APA informou que os refugiados gregos ortodoxos, cristãos armênios, sírios caldeus e cristãos árabes que se viram obrigados a fugir durante o regime de Atatürk foram pelo menos dois milhões.
Em menos de 50 anos, assinalou a APA, a percentagem de população cristã na Turquia passou de 20% para 0,1%.
Segundo dados divulgados pelo Vaticano por ocasião da viagem do Papa a Ancara, Éfeso e Istambul, dos quase 73 milhões de turcos os católicos são apenas 0,04%, cerca de 32.000.