A Sala da Mulher da Assembleia Legislativa e o Ministério Público Estadual (MPE) lançam no dia 16 de setembro a Campanha de Combate a Pedofilia e ao Abuso Sexual Infanto-Juvenil, às 19h, no auditório da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM). Por meio de um Termo de Compromisso firmado com o Centro Universitário Unirondon e Faculdade Instituto Cuiabano de Educação (ICE), universitários destas instituições serão capacitados para atuarem como multiplicadores. Num primeiro momento, os estudantes participarão de palestras ministradas por membros do MPE, para, depois, assumirem o papel de palestrantes disseminando a informação ao público infanto-juvenil.
Na oportunidade, também será feito o lançamento oficial da Cartilha que alerta a população no combate ao abuso sexual contra a criança e o adolescente. O material traz orientações e informações para professores, pais e à sociedade como um todo, sobre como evitar o crime. A coordenadora da Sala da Mulher, Janete Riva, afirma que os índices de casos registrados em Mato Grosso são alarmantes. Aproximadamente cinco casos diários de abusos no estado.
Janete entende que é imprescindível que a sociedade se conscientize da importância de denunciar. “Estamos com essa campanha visando levar informações à população que pode nos ajudar denunciando. É necessária a colaboração de todos. A pedofilia está dentro das nossas próprias casas e o silêncio a tem perpetuado. Por isso, é preciso denunciar, porque o abusador, até então, não se sente ameaçado”, argumentou.
A titular da Promotoria de Combate a Violência Doméstica Familiar Contra a Mulher, Lindinalva Rodrigues Correa, explica que a ideia é promover a discussão sobre a pedofilia, desmistificando o tema para que o número de denúncias possa aumentar, além de amparar as vítimas de abuso e atuar de forma preventiva. “O maior problema é a invisibilidade deste crime que está instalado no seio familiar”, salientou.
Lindinalva afirma que quando os familiares descobrem uma situação de abuso, a primeira reação é a revolta, mas com o passar do tempo a tendência é acobertar. “E com isso, a vítima vai ficando cada vez mais exposta ao abusador. Temos problemas sérios na sociedade com essas crianças, que serão os adultos de amanhã”, afirmou.
No Brasil, aproximadamente 280 casos são registrados por dia e 95% dos abusos acontecem contra meninas. “Temos visto a mídia revelar vários casos, mas na verdade não representam nem 1%. Por isso, com essa campanha queremos esclarecer que a pedofilia acontece em todos os locais, não escolhe classe social e, o pior, é que as vítimas ainda se sentem responsáveis, pois além de serem abusadas são discriminadas no seio familiar”, lamentou.
Conforme a promotora Lindinalva, outro fator que aumenta o índice de pedofilia é a omissão das mães. “Para não perder o marido, preferem ficar com a versão do homem e não acreditar na criança. Mas, é preciso que a mãe saiba que a omissão também caracteriza crime”, finaliza.
O diretor de pós-graduação do ICE, Éder Arruda, diz que em torno de 1800 alunos devem participar da capacitação. Para ele, a iniciativa da Sala da Mulher e do MP é excepcional. “Vamos contribuir para que essa ação prospere. Estamos otimistas para que o número de denúncias aumente, pois sabemos que, infelizmente, ainda há muitos casos acobertados”, afirmou Arruda. Pelo MP, além da promotora Lindinalva, também estão à frente do projeto os promotores José Antônio Borges, da Promotoria de Infância e Juventude, Elisamara Portela e o procurador de Justiça Paulo Prado.