A idéia da conferencia encontra resistência. Os países árabes, para começar, não se inclinam mais a papo vazio. Os seus governos precisam mostrar resultados a seus povos. E tem mais, até o momento, não está suficientemente explicitado se será conferência ou reunião? Qual agenda? Quando? Condoleezza Rice, a incansável secretária de Estado, veio pessoalmente conversar sobre a questão. Mas o que ficou claro é que trouxe propostas de Bush para a venda de bilhões de dólares das mais sofisticadas armas do arsenal americano.
O primeiro país a ser visitado e informado foi a Arábia Saudita, mais rico deles que disse que apoiava. E depois se encontrou com as lideranças dos demais e informou ao Egito e Israel que pretende aumentar o valor da ajuda militar americana anual a cada um deles. O objetivo era firmar uma frente de oposição ao Irã.
Os resultados políticos da visita não ficaram claro. Rice afirmou que seu governo apóia o plano árabe de paz para o conflito israelense- palestino. Plano elaborado pelos sauditas e adotado pela Liga Árabe. Dos sauditas, pediu firme compromisso de apoio ao governo atual do Iraque na resistência aos insurgentes xiitas e apoio aos sunitas que pareciam dispostos a uma política de reconciliação.
O secretário da Defesa foi ver a situação iraquiana de perto. Voltou a Washington pessimista e preocupado com a inoperância do governo que acaba de perder o apoio do mais poderoso grupo político sunita. E já se sabe que Bush telefonou para Bagdá e passou um sermão no chefe do governo iraquiano. Ameaçou em acabar desistindo de protegê-lo com tropas americanas.
Existem outros complicadores. Por exemplo, na estrutura do poder dos Estados Unidos, políticas de assistência militar e venda de armas dependem da aprovação do Congresso onde são cada dia mais numerosas manifestações de reservas do partido republicano ao presidente e prática de Bush que pensa que ainda manda. A voz dele conta cada vez menos nos Estados Unidos e exterior. É uma fase delicada do mapa político mundial.
Nenhuma potência está determinando o comportamento das demais. Uma etapa que pode ser a prevista na entrevista do político russo de que chega ao fim o mundo de uma só grande potência. Perigosa , pois aberta a tentativas de desafio de outros, a desencontros e desentendimentos, já não há muito espaço para pressionar país algum. Imprevisível.
US