O preço da arroba do algodão em pluma registrou queda nos últimos dias na região Sul de Mato Grosso. Comparando o valor cotado no dia 4 de julho e o praticado pelo mercado na última quarta-feira, em Rondonópolis, a baixa foi de R$ 2,50. A oferta do produto no mercado é apontada como principal fator para a desvalorização do preço.
O recuo dos cotonicultores que ainda não comercializaram a safra 2005/2006 é outro motivo apontado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura de São Paulo (Esalq), Luiz de Queiroz, para a queda no preço do algodão em pluma.
Se por um lado os produtores seguram o fechamento dos contratos, por outro, os compradores se afastam na espera de aumento do volume para os próximos períodos, com a intenção de praticar a lei da oferta e procura, podendo desta forma conseguir preços mais baixos.
De acordo com o histórico do Cepea/Esalq, a cotação do algodão em pluma, nos setes dias pesquisados apontou a média do preço em Rondonópolis para R$ 40,90. Já dos últimos 30 dias a média do valor do produto registrado foi de R$ 41,26.
Em outros dois municípios da região, a arroba do algodão cotado na quarta-feira foi de R$ 38,7, em Campo Verde, e R$ 39, em Itiquira. A média dos últimos 30 dias nestas cidades ficou cotada em R$ 41,15 e R$ 41,47 respectivamente.
Para o consultor Átila Rosa, as variações de preço puxadas para baixo no momento atual são normais. Ele atribui ao fato do mercado ser volátil. E esta é época do “mercado de clima”.
As condições climáticas dos Estados Unidos, mais especificamente no Texas, maior produtor norte-americano, deve ser o fator prioritariamente analisado pelos cotonicultores. “Lá é a fase de floração do algodão quando a lavoura precisa de chuva, mas o período é de seca”.
Esse fator é então visto como um possível indicativo de aumento do preço do algodão, já que a demanda poderá aumentar e o consumo de países como a China poderá crescer.
“A redução da oferta está intimamente ligada a estas duas questões. Onde pode haver aumento de consumo do produto”, aponta Rosa.
ALTERAÇÃO – A alta do preço, segundo ele, poderá ocorrer entre dezembro de 2006 e janeiro de 2007. “Se não aparecer nenhum novo fator isso se efetivará”. Mesmo que haja previsões de aumento de preço, o consultor alerta os produtores quanto à comercialização do algodão. Conforme Rosa, os cotonicultores devem vender estrategicamente sua produção quantificando de 5% a 15% a comercialização. “Não pode ficar esperando os melhores preços. Porque as vezes essa espera pode não valer a pena”, comenta.
Por ser o algodão uma commoditie, até a especulação tem de ser analisada para ser bem feita no mercado internacional. “O cotinocultor pode vender um pouco e reservar outro pouco para a especulação”, diz Rosa.
DC