O grupo siderúrgico Arcelor Mittal anunciou nesta sexta-feira que aceita aumentar em 50% a oferta aos acionistas minoritários de sua filial brasileira, a R$ 51,27 (18,89 euros ou US$ 25,3) por ação, exatamente como exigia a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) do Brasil.
Este preço oferecido aos minoritários brasileiros é 50% maior do que a oferta apresentada em outubro passado pela Mittal (R$ 33 ou 12,1184 euros na época).
A Arcelor Mittal tem atualmente, por meio da européia Arcelor, com a qual se fundiu no ano passado, quase 66% do capital da Arcelor Brasil.
Os acionistas minoritários da Arcelor Brasil haviam apresentado uma demanda à CVM para obter as mesmas condições de compra de seus títulos que na oferta da Mittal sobre a Arcelor.
A proposta representará o desembolso de 4 bilhões de euros (US$ 5,36 bilhões) adicionais à Mittal na fusão com a Arcelor.
A Mittal pagou 27 bilhões de euros (US$ 36,18 bilhões ao câmbio atual) em junho de 2006 para adquirir a Arcelor.
O valor proposto de R$ 51,27 corresponde exatamente ao que exigia o órgão técnico da CVM, com a qual a Arcelor Mittal negociava há vários meses.
Após as negociações com a CVM, a Arcelor Mittal propõe finalmente pagar aos minoritários R$ 11,70 em dinheiro, mais 0,3568 ação da Arcelor Mittal, ou o valor de cotação desta ação em dinheiro. Ou seja, o equivalente a R$ 51,27 por ação.
Assim, o valor máximo pago em espécie pelo grupo será de R$ 10,9 bilhões (quatro bilhões de euros), informou a Arcelor Mittal em um comunicado.
Questionada sobre a “coincidência” do valor corresponder ao pedido pelo órgão técnico da CVM, uma porta-voz do grupo explicou que a compra de ações é mista (dinheiro + ações), e que o preço das ações na Bolsa aumentou, uma variável para calcular o valor da oferta.
Na Bolsa de Paris, a ação da Arcelor Mittal ganhou 27% desde 1º de janeiro, a 55 euros.
A proposta ainda depende da aprovação da CVM. A Arcelor Mittal solicitou ao órgão brasileiro que as ações da Arcelor Brasil sejam retiradas de cotação, caso a operação tenha sucesso.
Depois de adquirir a Arcelor, a Mittal foi obrigada pela CVM a anunciar esta oferta aos acionistas minoritários, mas se recusou a fazê-lo durante meses sob a alegação de que não houve mudança de controle no capital da Arcelor Brasil e que, portanto, não era necessário o lançamento de uma OPA (Oferta Pública de Aquisição).
A CVM havia considerado em março que o preço justo de uma OPA da Arcelor Mittal aos minoritários da Arcelor Brasil deveria ser de R$ 49,7523 por ação.
Um valor, no entanto, inferior aos R$ 51,27 reclamados pelo órgão técnico da CVM, exigência contra a qual a Arcelor Mittal apresentou um recurso, antes de se dobrar à mesma.
FO