O ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro está em Cuiabá para ser levado a julgamento pelo tribunal do júri no dia seguinte pela acusação de ter mandado assassinar o empresário Rivelino Jacques Brunini, crime no qual também foi morto Fauze Rachid Jaudy Filho, em 6 de junho de 2002.
De acordo com a Secretaria estadual de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), que administra o sistema prisional em Mato Grosso, Arcanjo está isolado em uma cela da Penitenciária Central do Estado (PCE).
A princípio, o ex-bicheiro deverá ficar sob custódia da Sejudh em Cuiabá por três dias, entre esta quarta-feira e a próxima sexta-feira, partindo de volta para o presídio federal de segurança máxima em Porto Velho (RO), no qual tem cumprido pena. O julgamento do ex-bicheiro está marcado para esta quinta-feira no Fórum de Cuiabá.
Este não deverá ser o primeiro júri popular contra Arcanjo. Em 2013 ele foi submetido ao júri popular por ter atuado como mandante da execução do empresário Sávio Brandão, também em 2002. Arcanjo foi condenado a 19 anos de prisão.
Nesta quinta-feira, o ex-bicheiro deverá se apresentar sozinho perante o tribunal do júri. O processo pela morte de Brunini e Rachid Jaudy foi desmembrado em dois, de forma que os outros dois réus – Célio Alves de Souza e Júlio Bachs Mayada – já foram julgados em júri popular no dia 31 de julho.Juntos, eles foram condenados e receberam pena de mais de 87 anos de prisão por participação no crime que teria sido encomendado por Arcanjo, cujo julgamento acabou sendo adiado para esta quinta-feira.
Em uma motocicleta, Agostinho se aproximou e disparou contra Brunini e contra os dois que o acompanhavam. Brunini morreu na hora, atingido por sete disparos. Era ele o alvo da ação, segundo o Ministério Público. Já Rachid Jaudy, por estar junto a Brunini, acabou sendo atingido também e morreu em decorrência do ferimento. Por sua vez, também atingido na ação, Gisleno Fernandes acabou sobrevivendo.O crime
O empresário Rivelino Jacques Brunini e Fauze Rachid Jaudy foram assassinados a tiros no dia 6 de junho de 2002. Acompanhados de Gisleno Fernandes, eles estavam em uma oficina mecânica na Avenida Historiador Rubens de Mendonça (Avenida do CPA) por volta das 15h quando foram surpreendidos por Hércules de Araújo Agostinho, acusado de prestar serviços de pistolagem para Arcanjo.
Para fugir, Hércules – que já confessou o crime à Justiça – contou com cobertura de Célio Alves de Souza (também acusado de prestar serviços de pistolagem a Arcanjo), Júlio Bachs Mayada (acusado de arquitetar o plano de execução) e Frederico Carlos Lepesteur.
Lepesteur e Hércules foram alvos de outras ações penais pelo caso. O primeiro morreu em 2007 em decorrência de câncer e o segundo foi condenado a 45 anos de prisão.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, Arcanjo explorava o ramo das máquinas caça-níqueis no estado indiretamente, por meio de concessões.
Brunini participava do esquema subordinado a Arcanjo e, conforme as investigações, tornou-se alvo dele após realizar operações não autorizadas em Mato Grosso, como a implantação de novas máquinas caça-níqueis e a associação a um outro grupo do ramo, sediado no Rio de Janeiro e que pretendia dar fim ao monopólio de Arcanjo na área.
Renê DiózDo G1 MT