Até agora, os efeitos dos incêndios florestais de grande porte têm sido subestimados no conjunto de fatores que influenciam no Aquecimento global, mas de acordo com um trabalho assinado por 22 pesquisadores internacionais, publicado essa semana pela revista Science, as queimadas correspondem por um quinto da emissão de dióxido de carbono produzidas pelo Homem, com graves efeitos sobre ecossistemas e processos climáticos da Terra.
"Estimamos que o desflorestamento causado por queimadas intencionais contribua por um quinto das causas humanas que produzem o Aquecimento Global, mas essa porcentagem pode ser ainda maior", disse Thomas Swetnam, co-autor do trabalho e ligado à universidade do Arizona. "Não há mais dúvidas de que o fogo é um dos principais catalisadores da mudança climática global atual".
Segundo o paper (trabalho científico), todos os incêndios combinados liberaram na atmosfera uma quantidade de CO2 igual a 50% daquele produzido pelos combustíveis fósseis. "Os incêndios são obviamente um dos maiores responsáveis pela mudança climática, mas não os únicos. Eles realimentam o aquecimento, que por sua vez alimenta mais incêndios", disse Swetnam
A queima da vegetação libera na atmosfera o carbono armazenado na biomassa, aumentando o aquecimento global. Quanto mais incêndios, mais dióxido de carbono é liberado, gerando inda mais aquecimento. Quanto maior o aquecimento, mais incêndios são produzidos.
 
 
De acordo com o trabalho, além dos incêndios diretos, a fuligem muito fina conhecida como carbono elementar ou carbono negro, liberada na atmosfera pelos incêndios, também contribui para aquecimento.
Os cientistas pretendem que o resultado da pesquisa seja reconhecido pelo IPCC, Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas, e que os dados das grandes queimadas sejam integrados aos modelos climáticos, hoje praticamente ausentes.
"Estamos muito interessados que os incêndios sejam rigorosamente incorporados aos modelos climáticos. É notável como uma parte tão importante do cenário tenha sido marginalizada", disse David Bowman, da universidade da Tasmânia.
Segundo a pesquisadora Jennifer Balch, do Centro Nacional de Análise e Síntese Ecológica, da universidade de Santa Bárbara, o papel do fogo nas florestas boreais é pouco conhecido. De acordo com Balch, além das queimadas tropicais, enormes extensões de florestas boreais da Sibéria, Canadá e do norte da Europa queimam a cada ano. As florestas da Rússia contêm mais de 50% do CO2 armazenado em terra no hemisfério norte, acrescentando que o aquecimento está ocorrendo mais rápido nas latitudes elevadas.
"Nos anos recentes, as áreas florestais queimadas na Sibéria excedeu o tamanho do Estado da Virgínia, nos EUA. À medida que o planeta aquece, mais dessas regiões são susceptíveis de queimar, realimentando o aquecimento", disse Balch.
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Fotos: Imagens captadas pelos satélites de sensoriamento remoto Aqua-Terra mostram dois grandes mega-incêndios florestais. No topo, incêndios florestais na Califórnia destruíram 200 mil hectares de floresta em outubro de 2007. Acima, fumaça de queimadas na Indonésia em outubro de 2005 atingem Malásia e Singapura. Créditos: Nasa/Modis Rapid Response Team/Apolo11.com.
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