O presidente dos EUA, Barack Obama, comemorou a morte do militante de origem americana Anwar al-Awlaki no Iêmen nesta sexta-feira como “outro marco significativo” nos esforços para derrotar a Al- Qaeda e prova de que a rede terrorista e seus aliados não encontrarão nenhum lugar seguro.
Identificado pela inteligência dos EUA como “chefe de operações externas do braço da Al-Qeda no Iêmen” e um propagandista da causa islâmica na web, Awlaki foi morto em um ataque promovido por um avião não-tripulado da CIA numa cidade remota do Iêmen, disseram autoridades americanas.
“A morte de Awlaki é um duro golpe à afiliada mais ativa da Al-Qaeda”, disse Obama, que afirmou que, como principal rosto da Al-Qaeda na Península Arábica, Awlaki planejou e dirigiu esforços para matar americanos. Para Obama, a morte é outro sucesso contra a rede militante, referindo-se à morte de Osama Bin Laden pelos EUA em maio.
Segundo o presidente americano, Awlaki dirigiu a tentativa frustrada de explodir um avião que seguia para Detroit no Natal de 2009 e estava envolvido em uma tentativa também frustrada de explodir aviões de carga americanos em 2010. Ele também é suspeito de uma tentativa fracassada de explosão na Times Square de Nova York no mesmo ano.
Obama não quis fornecer detalhes da operação, mas afirmou em uma entrevista via rádio que “isso é algo em que estávamos trabalhando com o governo do Iêmen há algum tempo”.
O progresso feito contra a Al-Qaeda pode ajudar Obama enquanto ele busca a reeleição em 2012 e atrapalha os esforços dos republicanos de retratá-lo como líder global fraco.
O governo Obama, porém, recebeu a condenação imediata de defensores americanos dos direitos civil, que dizem que foi ilegal cometer um assassinato sem o devido processo judicial.
Autoridades americanas e do Iêmen disseram que também acreditam que Samir Khan, um outro membro da Al-Qaeda nascido nos EUA, tenha morrido ao mesmo tempo. Uma autoridade americana disse que Khan era editor da Inspire, uma publicação em forma de revista que se tornou o principal veículo de propaganda em inglês da Al-Qaeda.
O episódio foi o último de uma série de ataques mortais promovidos pelos EUA contra militantes violentos, incluindo a operação no complexo paquistanês de Bin Laden em maio e um ataque no fim de agosto que matou o então número 2 da organização no Paquistão.
“A morte de Awlaki representa outro marco significativo dentro do esforço mais amplo de derrotar a Al-Qaeda e todas as suas afiliadas”, disse Obama em Fort Myer, Virgínia, numa cerimônia para marcar o juramento do novo chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas.
“Essa é uma outra prova de que a Al-Qaeda e suas afiliadas não encontrarão nenhum lugar seguro no mundo”, afirmou.
Influência no Oriente Médio
De acordo com a BBC, Awlaki era possivelmente o clérigo e ideólogo da Al-Qaeda mais influente no Oriente Médio. O analista da BBC Gordon Corera afirmou que sua morte é significativa porque o uso por parte de Awlaki das mídias modernas significa que ele podia alcançar e inspirar pessoas suscetíveis à radicalização.
Embora tenha nascido em solo americano, ele tinha ascendência iemenita e vivia foragido no Iêmen desde dezembro de 2007.
A Al-Qaeda na Península Arábica nasceu em janeiro de 2009 de uma fusão entre a Al-Qaeda na Arábia Saudita e a iemenita. Ela é liderada pelo ex-auxiliar de Osama Bin Laden Nasser al-Wuhayshi e o vice da organização é Said al-Shihri, um ex-detento da Baía de Guantánamo.
Os objetivos declarados da organização são derrubar a monarquia saudita, o governo iemenita e estabelecer um califado islâmico. O grupo ganhou fama com os ataques em Riad (2003) e contra a embaixada americana em Sanaa (2008).
Quando era imã de uma mesquita em San Diego, na década de 1990, seus sermões foram ouvidos por dois futuros autores dos ataques de 11 de Setembro de 2001. A notícia de sua morte ocorre no momento em que o EUA se preocupam com a capacidade do Iêmen de combater a Al-Qaeda por causa da crise política que o país atravessa.
O presidente Abdullah Saleh, há 33 anos no poder, enfrenta uma insurreição armada de parte do Exército, além de protestos generalizados contra seu governo, como parte dos levantes batizados de “Primavera Árabe”.
*Com Reuters e BBC
IG