Três meses depois, o recado dado, em uma rádio, pelo ex-secretário de Estado, Eder Moraes (PMDB), ao senador Blairo Maggi (PR) e ao governador Silval Barbosa (PMDB), logo após ser alvo da quarta fase da Operação Ararath, de que ficou muito magoado pela falta de solidariedade dos “companheiros” está sendo bem mais compreendido agora, na quinta fase da Operação Ararath.
“Não recebi a solidariedade nem de Blairo Maggi nem de Silval Barbosa. Acho que eles que teriam que ter a hombridade de ter me ligado.Companheiro, aqui é o cidadão Blairo, o cidadão Silval Barbosa, tá precisando de alguma coisa, houve algum problema, conte conosco. Porque afinal de contas, eu cuidei do caixa dos dois. Não é assim que se trata companheiro deixando na beira da estrada”, alfinetou Eder em fevereiro.
Na ocasião, Eder também afirmou que corria risco de morte. A partir de então, muito se comentou que ele sabia demais, mas nada do que foi cogitado chegou perto do que foi exposto pelo inquérito investigativo do Supremo Tribunal Federal.
O documento mostra que Eder Moraes, como o principal interlocutor nas movimentações financeiras entre os principais políticos de Mato Grosso e Gercio Marcelino Mendonça Júnior, o Júnior Mendonça, proprietário da Factorin Globo Fomento e da rede de combustíveis Amazônia Petróleo, que fornecia empréstimos fora do alcance dos órgãos de controle e polícia administrativa.
Conforme o inquérito assinado pelo ministro Dias Toffoli, Eder era quem negociava diretamente com Júnior Mendonça em nome de Blairo Maggi e Silval Barbosa.
“Eder Moraes Dias já se serviu da instituição financeira informal operada por Gercio Marcelino Mendonça Júnior tanto como interlocutor da classe política mato-grossense como para fins próprios”, diz trecho da decisão.
De acordo com o próprio Júnior Mendonça delatou à Polícia Federal, Eder já seria considerado “cliente VIP” do sistema financeiro clandestino, já que a garantia para os pagamentos dos empréstimos feitos por ele era apenas uma rubrica”.
BLAIRO MAGGI
Em 2009, o então governador Blairo Maggi teria adquirido junto ao BicBanco pelo menos dois empréstimos, que embora tenham sido concedidos simultaneamente às pessoas jurídicas Todeschini e São Tadeu Energia S/A, durante os mandados de busca e apreensão nas residências de Eder Moraes e do pai de Júnior Mendonça, assim como as declarações do próprio delator, revelaram que ao menos parte dos recursos se destinava a Blairo Maggi.
O empréstimo seria de R$ 4 milhões que teria sido pago ao conselheiro do Tribunal de Contas Alencar Soares Filho. A quantia teria sido ‘paga’ pela vaga de conselheiro à Sérgio Ricardo.
SILVAL BARBOSA
Os depoimentos do delator à PF relatam que as transações financeiras, que teriam como beneficiado Silval Barbosa, eram feitas através do ex-secretário de Estado, Eder Moraes. Elas eram registradas em anotações diferenciadas do nome de Silval porque Júnior Mendonça, não tinha certeza sobre a grafia correta do nome do governador.
Ente as anotações apreendidas estão as expressões “SINVAL PESQUISA 300.000,00” ,que seria um valor solicitado por Eder para pagar uma pesquisa de intenções de voto para a reeleição do governador em 2010.
Outra anotação de “SIMVAL CONVENÇÂO PMDB”, datada de 23/06/2010 no valo de R$ 150 mil seroa para custear despesas como frete de ônibus, comida, entre outros itens para a realização da convenção realizada no dia 23/06/2010.
MARCIA MATOS-Repórter MT