domingo, 22/12/2024
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Antes nem se ouvia falar hoje o CRACK vira Epidemia

Adultos e crianças esquálidos, falando sozinhos, jogados nas calçadas ou cambaleando pelas ruas. Essa é a triste realidade da “Cracolândia”, reduto de viciados e vendedores de crack no centro de São Paulo desde os anos 90.

O crack, ou pedra, é feito da sobra da produção de cocaína. Só que, em vez de ser cheirada, a droga é fumada em cachimbos ou canudos. Até o começo deste século, o crack era um problema eminentemente paulista. Não havia registro de uso ou venda em estados como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul ou Pernambuco. Além disso, era uma droga típica de moradores de rua e mendigos. Hoje, está no País inteiro e os viciados são de todas as classes sociais. A droga continua sendo a mais barata do mercado – uma pedra pode ser comprada por até R$ 2 – e o poder de dependência é dos mais fortes: muitos ficam viciados no primeiro trago. É possível
dizer que o Brasil vive uma epidemia de uso do crack.

eiro, há cerca de 5 anos, ajuda a explicar como o fenômeno cresceu. Nos anos 90, os traficantes de cocaína da capital fluminense fizeram um acordo para não deixar o crack ser vendido ali. Além de ser uma droga muito barata, ela mata rápido os consumidores, que, paranóicos, oferecem qualquer objeto em troca de uma pedra quando sofrem a abstinência. Do ponto de vista dos traficantes, portanto, crack não era bom negócio. Há pouco tempo, no entanto, a droga invadiu o estado. A polícia investiga se isso aconteceu por causa da aproximação entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) paulista e as facções criminosas cariocas (como o Comando Vermelho).

Sérgio Cabral, governador do Rio, disse recentemente que “foram criminosos de outros estados que trouxeram este consumo para cá. Nossa polícia já apreendeu grandes quantidades desta droga”. De fato, entre janeiro e julho do ano passado, as apreensões de crack cresceram 578% no País. E a maior parte desses entorpecentes foi apreendida na Via Dutra, sentido São Paulo-Rio. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), foram apreendidos 25,8 quilos de crack nas estradas. No ano passado, 40% de toda a cocaína que a polícia encontrou no Rio de Janeiro estava na forma de crack. De acordo com a polícia fluminense, o consumo dobrou de 2007 para 2008. E a prefeitura estima que 90% dos moradores de rua já é A chegada da droga ao Rio de Janviciada em crack.

No Rio Grande do Sul, a situção também é grave. Há 10 anos, não havia nenhum registro de dependentes. Hoje, são 50 mil viciados. A epidemia gaúcha é tão alarmante que o Ministério da Saúde passou a investir R$ 50 milhões por ano para prevenção e tratamento de usuários. O reduto dos viciados e traficantes em Porto Alegre, ou a “Cracolândia gaúcha”, é a avenida Farrapos. No Distrito Federal, a cidade-satélite de Taguatinga também sofre com a invasão. Assim como Recife (PE), Salvador (BA), Fortaleza (CE) e Belo Horizonte (MG).
O poder devastador do crack se deve, em parte, à forma como a substância chega ao cérebro. O psiquiatra Dartiu da Silveira, que coordena o Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), explica que, quando a droga é aspirada, percorre um trajeto enorme até os neurônios. “Mas, quando fumada, é absorvida de modo quase direto pelo cérebro.

Por isso, o efeito é rápido, a abstinência mais intensa e o poder de criar dependência no usuário, bem mais forte”, explica ele, que confirma também o fato de a droga não ser mais associada aos pobres.

“Há cerca de 4 anos as classes mais favorecidas passaram a consumir crack também. Não é mais um fenômeno local e nem social”, conclui. Em pouco tempo de uso, o crack gera transtornos como delírios e alucinações.O tratamento para livrar o usuário da dependência é complicado. “Sem a participação da comunidade, da família, da escola e das redes de saúde, a polícia vai continuar prendendo, trocando tiros com traficantes. Só que no lugar dele sempre vem outro e outro. E a coisa não acaba”, afirma o delegado Cléber Monteiro, do Distrito Federal.

F.Uni/Juliana Vilas

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Parmenas Alt
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