quinta-feira, 21/11/2024
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Ana Paula Arósio exibe inquietude com nova personagem

Ana Paula Arósio sempre foi um rosto de época na tevê. A atriz estreou na telinha como a Amanda de Éramos Seis, no SBT, e enfileirou outros oito personagens em tramas de época nesses 12 anos de carreira. Talvez por isso, a bela paulistana de 31 anos tenha a sensação de estar reestreando ao viver sua primeira personagem contemporânea na tevê. Na pele da irreverente Olívia de Páginas da Vida, da TV Globo, Ana chega a pecar pelo exagero no entusiasmo de mostrar uma acelerada e sempre falante marchand da trama de Manoel Carlos.
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Demorou alguns capítulos para que a atriz percebesse que a naturalidade é o principal trunfo na interpretação de personagens contemporâneos. E agora, de tão à vontade, Ana Paula garante que deita e rola – literalmente – com Olívia. Além das cenas ousadas da personagem com o conservador marido Silvio, vivido por Edson Celulari, que volta e meia aparece nua ou fazendo um strip-tease, Ana Paula garante que em tramas de época jamais se sentiu tão à vontade e m cena. “E olha que ainda nem começou a briga da Olívia com a Helena e a Marta. Vou fazer e acontecer”, promete, arregalando os rasgados olhos azuis ao se referir às personagens de Regina Duarte e Lilia Cabral.

Você tem 12 anos de carreira na tevê e nove personagens de época. Por que não havia feito nenhum papel contemporâneo antes?
Sou chata para escolher personagens. Se eu não gostar do papel ou achar que em algum momento vou ficar de bobeira na trama, não faço e falo isso na cara de quem for. Eu abdico de grande parte da minha vida para o trabalho. Se não for uma personagem que me dê muita motivação, vou pirar. Sou radical mesmo. E só agora vi um papel contemporâneo que sai de um lugar e vai para outro. Fora que fui seduzida pelo texto do Maneco. Ele escreve para a alma feminina. É impressionante! Tenho papos com a personagem da Danielle Winits e me surpreendo ao lembrar que os diálogos saíram da cabeça de um homem. Esse universo tem sido muito novo para mim.

De que forma você tem percebido no dia-a-dia das gravações as diferenças entre sempre ter feito época e “estrear” num papel contemporâneo?
Estou fazendo descobertas gostosas, como atender o celular em cena. Agora a gente pega avião (risos)! É muito mais próximo e isso traz um conforto, influencia no gestual, no linguajar, em tudo. Às vezes chego para gravar e a figurinista Marília Carneiro fala: “vamos emprestar sua blusa para a Olívia!”. Trago muitas coisas minhas para ela, mas tomo um cuidado diário para distanciá-la de mim.

De que forma?
Trabalho muito com o diretor Jayme Monjardim para que ela não se pareça com a Ana Paula, porque temos pontos em comum. Coloquei muitas coisas minhas nela no início e depois retirei aos poucos. A diferença é que ela é mais comunicativa, elétrica, falante.

Mas a Olívia vai mudar na segunda fase, quando ela vem mais amadurecida, com problemas no casamento e menos menina. Você exagerou um pouco nessa “eletricidade” dela no início para marcar a mudança?
Sem dúvida. Ela amadurece, se separa. E isso, numa família tradicional, tem um certo peso. Todos acham que o casamento dela é o único que realmente vai dar certo porque o casamento das irmãs é falido, de fachada. Mas ela é muito moderna. Acontece que o Silvio vai tentar segurá-la e ela é o tipo de mulher que, se você controlar, ela dá coice. Engraçado que às vezes pergunto para o Maneco o que vai acontecer e ele me diz “tanta coisa…”. Aí eu fico esperando os capítulos para ver o que ela vai ser, porque ele não me conta (risos). Só fico pedindo coisas para ele…

O que você pede?
Um monte de coisas! Ele diz que vai fazer tudo o que eu quero. Pedi para ele colocar a Olívia fazendo equitação, porque é uma oportunidade de poder montar aqui no Rio. Sinto saudades dos meus cavalos, da terra, dos bichos e queria um pouco unir o útil e o agradável com a Olívia. Já mudei muito a minha vida por ela.

Mudanças como ter vindo morar perto do Projac?
Exatamente. Agora não pego trânsito para gravar. Precisava morar em casa, trazer minhas cachorras. Vim de mala e cuia. Agora tenho horta, planto manjericão, jabuticaba, acerola, couve-flor. Sempre que venho gravar precisam fazer uma faxina em mim porque estou com as unhas cheias de terra. Saí da casa dos meus pais com 19 anos de idade e desde então não via a hora de morar numa casa de novo. As outras mudanças vão acontecendo ao longo da trama. Acho que esse papel vai me transformar muito.

Essa transformação se deve ao envolvimento da Olívia com a atriz Joana Morcazel, a menina escolhida para viver a Clara, portadora da Síndrome de Down?
Acho muito gostoso e estou ansiosa com essa discussão sobre a Síndrome de Down. Não sei como se deve lidar com uma criança como ela, assim como o Maneco também não sabe. Mas vai ser interessante mostrar que a criança, tão rejeitada quando nasce, vai ser disputadíssima e a mais amada da novela. Isso é de uma beleza incrível. Vai ser estimulante trabalhar no ritmo da Joana porque todos vão se encaixar no tempo dela, no que ela vier a nos oferecer. Isso vai ser muito enriquecedor. Esse trabalho já mexe muito comigo, traz muitas emoções.

Você sempre fez mulheres muito marcantes na tevê. Quais trazem as melhores lembranças?
Não esqueço da Hilda Furacão e da Giuliana, de Terra Nostra. Mas me orgulho muito de ter feito Os Maias pelo acabamento artístico da trama. Mas a que mais me emocionou foi a Yolanda Penteado, de Um Só Coração, por tudo o que ela representou, seu envolvimento com a arte, sua garra. Mas realmente todas são muito fortes.

Ter vivido a Yolanda lhe deu um estofo para compor a profissão da Olívia, que é marchand?
Foi meio caminho andado (risos). Mas acho que vai ser uma descoberta diária com as artes. Quando gravamos em Amsterdã visitei muitos museus e fiquei deslumbrada com o museu de Van Gogh e a história daquele homem. Mas a Olívia vê a arte como um negócio, com um sentido prático. Arte para todos. Mas para todos que podem comprar. Ela tem um “feeling” comercial na arte. Não é artista, é prática. Eu, na verdade, gostaria de conhecer mais, mas sempre me interessei pelo assunto.

Essa praticidade da Olívia também se reflete em sua postura mais ousada e bate de frente com o conservadorismo do marido Silvio. Como você avalia essa polêmica que a trama tem despertado ao abordar o sexo com tanta naturalidade?
Outro dia descobri o quanto a família dela é religiosa numa cena com o Tarcísio Meira, quando vimos que eles têm uma capela em casa. Acho que não se pode ter medo de ousar e experimentar, principalmente quando se fala de sexo. A Olívia, por exemplo, quer viver tudo e se choca com o marido, um militar conservador e caretão. Ela tem muitos irmãos e está acostumada a andar nua na frente de todo mundo. A gente tem de encarar a vida com humor, sem puritanismo. O lance da Olívia é que ela não acha importante ser fiel, mas leal. Ninguém é fiel o tempo inteiro, até em pensamento. Mas é possível ser leal. Isso é importante, mostrar que se pode ser leal com os desejos, com a sexualidade, com suas escolhas.

Ano que vem você faz 20 anos de carreira, desde que começou como modelo, aos 12 anos de idade. Que avaliação você faz da sua trajetória profissional?
Comecei como modelo, fiz Letras na USP e não terminei, virei atriz e todos os dias penso em ser veterinária (risos). Acompanho todas as cirurgias dos meus animais e até interfiro nelas, costuro. Mas ser atriz foi realmente uma conseqüência do meu trabalho como modelo. Viajei muito, ganhei uma grana legal e sinto que mudei bastante. Mas minha preocupação sempre foi vislumbrar uma curva dramática em cada trabalho, notar se eu vou alcançar um novo patamar a cada personagem. Acho que estou conquistando o que eu queria, aos poucos. Hoje sou mais segura, não ligo para a aparência, estou com menos pique, gosto de ficar mais em casa. Mudei muito. Vou envelhecer com maturidade.

Terra

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
A estrada é longa e o tempo é curto. Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as consequências destas ações.
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