Dilemas da vida real

Quando o que era uma simples fantasia evolui para o campo sentimental, o ideal é saber administrar estes sentimentos para evitar o sofrimento. O preconceito é o primeiro obstáculo e, junto com ele, também vem o medo do desconhecido.

 

Quando uma mulher sente desejo por outra e guarda este segredo para ela acaba enfrentando um grande dilema: ter que fingir ser uma pessoa que ela não é. Por isso, o ideal é procurar um equilíbrio, e isso não quer dizer que necessariamente ela precisa abrir sua vida pessoal para todo mundo. “Ela não tem obrigação de falar para ninguém, mas precisa se assumir para ela mesma”, recomenda Juliana.

 

Deixar a emoção de lado é necessário para que as relações não sofram prejuízos. “Ela tem o direito de falar e de se assumir. Mas que isso seja feito da maneira menos sofrida, com cautela, entendendo o momento certo de falar, e não agindo de maneira puramente emocional”, completa.

 

Juliana afirma que a partir do momento em que a mulher “bancar” sua própria decisão, as coisas irão se encaixar em algum momento. “O preconceito e o conservadorismo podem surgir, mas ela também pode se surpreender com círculos de amigos e familiares acolhedores”, pontua.

 

 Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação
Dois buquês ou duas gravatas: vida de casais gays muda com casamento
Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação

 

Quando a decisão envolve mais do que um indivíduo, no caso, das mulheres casadas e com filhos, todo cuidado é pouco para não magoar pessoas queridas e acabar prejudicando as relações. “Pode ser bastante difícil em alguns casos, mas eles vão acabar aceitando ao verem que a mãe está feliz”.

 

A postura impositiva é o pior caminho, segundo a especialista. “É preciso ter respeito por suas relações, por isso, não há necessidade de ficar se beijando na frente das pessoas. Tudo tem que acontecer de forma natural, respeitando os limites de cada um”, indica, reforçando que nos casos mais complicados o ideal seria uma terapia familiar.

 

Procurar o autoconhecimento, por meio de um tratamento psicológico, é uma boa alternativa na opinião de Marina. “Muita coisa vai mudar, emocionalmente”, afirma. Uma boa dica também é se cercar de pessoas desprovidas de preconceito. A partir do momento que ela realmente se aceitar, tudo passa a ficar mais fácil. “É uma realização pessoal, uma libertação interna. Vai acabar a angústia e, com isso, ela poderá se sentir plenamente feliz”.

 

Sem nomenclaturas

O discurso de Ellen também chamou a atenção com relação à busca da sociedade pela reafirmação dos gêneros. “Existem estereótipos perversos sobre masculinidade e feminilidade que definem como nós devemos todos agir, vestir e falar. Eles não servem a ninguém”, declarou.

 

A psicóloga Juliana reforça que não cabem rótulos quando o assunto é a vida sexual. “Acredito que a sexualidade do ser humano é sempre muito complexa e misteriosa. Vamos nos redescobrindo com o tempo, e de repente pode haver algo na psique que se afloradepois de muito tempo. O que importa é o individuo saber do que ele gosta, e não saber se é bissexual ou homossexual. O que importa é o afeto e afeição”, finaliza.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Danielle Barg

Terra