O aumento de 4,6% na produção da safra de soja 2011/2012 estimada para Mato Grosso deve contribuir para a sobra no estoque mundial da oleaginosa. O otimismo previsto para o estado, cuja produção deve passar de 20,5 milhões de toneladas para 21,5 milhões de toneladas, é resultado do aumento da área plantada de 6,4 milhões de hectare para 6,7 milhões hectares. A expectativa de expansão da área é de 5,8%, de acordo com o último boletim do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Os resultados andam na contramão do que é previsto para a safra de soja nos Estados Unidos e na China. Na semana passada, o departamento de agricultura dos Estadoa Unidos (USDA) divulgou que apesar do aumento de área plantada, projetada em pouco menos de 34 milhões de hectares, 3,0% menor que na safra norte-americana de 2010/11, a queda na produtividade de 49 sacas para 46 sacas por hectare resultou em uma diminuição na produção de quase 8 milhões de toneladas, redução de 8,7%.
O relatório do USDA também estima que a produção de soja no cenário chinês tenha uma queda de 7,2%, ou seja, redução do volume em 1,1 milhão de toneladas com relação à safra 10/11. As importações devem crescer 7,9% para a próxima safra, totalizando 56,5 milhões de toneladas, ou seja, aumento de 4,1 milhões de toneladas incentivado pelo aumento de 8,5% no consumo. Com isso, para a safra 11/12, a estimativa é que o estoque de soja na China dure aproximadamente 66 dias.
Segundo o superintendente do Imea, Otávio Celidônio, esse cenário pode ser vantajoso para a Argentina e para o Brasil e, consequentemente, para Mato Grosso. Ele explica que apesar da produtividade mato-grossense para a próxima temporada apresentar queda de 1,1%, de 3.208 quilos por hectare para 3.174 kg/ha, a produção será alta porque o produtor irá reaproveitar áreas degradas. “A China continuará comprando soja do Brasil e da Argentina”, ressaltou.
Celidônio aponta que a competição para a venda da oleaginosa entre os brasileiros e argentinos é semelhante ao que ocorre em Mato Grosso com o sul do país. “A produtividade mato-grossense é menor que em outros estados, por outro lado, a produção lidera o ranking nacional”. Essa também é a vantagem dos produtores da Argentina, que é o terceiro maior produtor de soja do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos e para o Brasil.
Plantio
Mato Grosso já conta com 85,9% das áreas semeadas, mostrando uma evolução de 10,5 pontos percentuais frente à semana passada, menor diferença desde o início do plantio. No comparativo de safras, neste ano-safra 2011/12 a semeadura está em ritmo acelerado se comparado às duas últimas temporadas. Em 10/11, no mesmo período cerca de 71% do plantio foram concluídos, enquanto na safra 09/10 o percentual era de 67,9%.
Essa antecipação da safra da soja mato-grossense já foi verificada em outros indicadores do agronegócio, como ocorreu com a comercialização de insumos e na comercialização dos grãos, que na média histórica foi a mais adiantada. Esse adiantamento, desde que o clima se mantenha estável e úmido, favorece o desenvolvimento da cultura precocemente. O Imea destaca que se as boas condições até o momento no estado se mantiverem, a participação no cenário mundial poderá ser maior ainda, se comparada às outras regiões produtoras no mundo.
Exportação
De acordo com os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em outubro Mato Grosso exportou 423,2 mil toneladas de soja in natura. Com este embarque, os exportadores receberam US$ 221 milhões, uma média mensal de US$ 522/tonelada, ou US$ 31,33 por saca. Nos primeiros 10 meses deste ano, as exportações mato-grossenses já representam 95,7% (8,2 milhões de toneladas) do total enviado no ano de 2010 (8,65 milhões de toneladas).
G1
Vivian Lessa