Remédios controlados, analgésicos, dor forte e náuseas. Esta é a rotina diária da paulista Ranny Oliveira, 24 anos. Ela sofre com a enxaqueca desde os onze, ou seja, mais da metade de sua vida. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a doença atinge pelo menos 127 milhões de pessoas no mundo e figura entre as mais incapacitantes. Ranny, por exemplo, tem crises semanais, algumas durando mais de um dia. “As medicações indicadas por meu médico não resolveram. Depois, ele me aconselhou a fazer acupuntura”, lembra. O método assegurou alívio apenas temporário. Ranny, como a maioria dos pacientes, segue administrando a vida com dor.
Recentemente, médicos e pacientes receberam a notícia de algo que muda as perspectivas no tratamento da doença. Em dois estudos publicados no The New England Journal of Medicine, conceituada publicação científica, pesquisadores descreveram os resultados positivos obtidos com uma classe de remédios criada, pela primeira vez, especificamente contra a enxaqueca. Por terem na mira mecanismos próprios da enfermidade, as medicações são mais eficazes: reduziram até à metade o número de crises, dependendo da dose e da periodicidade das aplicações, e apresentam menos efeitos colaterais em comparação aos usados hoje, de amplitude genérica de ação. “Com os remédios disponíveis, é comum o ganho de peso, confusão mental e diminuição da libido”, explica o neurologista Abouch Krymchantowski, especialista em dor de cabeça e enxaqueca.
Segundo a OMS, ao menos 127 milhões de pessoas
sofrem com a enfermidade em todo o planeta
Os novos remédios (erenumabe e fremanezumabe) são anticorpos monoclonais — moléculas criadas para agir sobre substâncias específicas associadas às doenças. No caso da enxaqueca, atuam sobre a proteína CGRP, uma das responsáveis pela alimentação do ciclo inflamação/dor. Eles são administrados através de injeções (um dos poucos efeitos colaterais foi dor no local da aplicação) e devem chegar ao Brasil em 2019.
Fonte:Istoé