A inflação na cidade de São Paulo mais do que dobrou em maio, na maior alta mensal desde fevereiro de 2003 (1,61%), por causa do aumento nos preços dos alimentos. O índice de Preços ao Consumidor (IPC), medido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), encerrou o mês com elevação de 1,23%, contra variação de 0,54% em abril. A escalada dos preços também foi a maior verificada no mês desde maio de 1996, quando o IPC subiu 1,34%. O índice também ficou acima das expectativas dos analistas consultados pela Agência Estado, que variavam de 1% a 1,22%. Em decorrência desse aumento e, também, de uma estimativa errada para os preços relacionados à habitação, a Fipe elevou a previsão de inflação do ano de 4,5% para 5,93%, maior que a alta de 4,38% verificada no ano passado.
Os preços do grupo que reúne produtos relacionados à alimentação subiram 3,17% em maio, enquanto em abril o aumento havia sido de 0,84%. Esse resultado representou 0,71 ponto porcentual de toda a inflação de maio. Entre as altas mais significativas no preço dos alimentos, mereceram destaque o arroz (22,16%), segmento carnes bovinas (4,61%), leite tipo longa Vida (5,08%) e do pão francês (4,15%).
Também se aceleraram os preços do grupo vestuário, com alta de 1,55%, contra 0,64% em abril; habitação, que avançou 0,74%, ante alta de 0,47% em abril. O preço dos serviços ligados ao transporte registrou taxa de 0,31% em maio, após variação de 0,25% no mês retrasado. Despesas Pessoais passou de alta 0,38% em abril para 0,79% em maio.
Já os preços dos produtos relacionados à saúde se desaceleraram, de alta de 1% em abril para alta de 0,59% em maio. O grupo educação manteve o ritmo de alta, repetindo em maio a mesma taxa de abril: 0,04%.
Perspectivas – Com a escalada dos preços, o coordenador do IPC, Márcio Nakane, elevou de 4,50% para 5,93% a projeção da inflação na cidade de São Paulo para o final de 2008. De acordo com ele, a forte modificação foi provocada, principalmente, pela aceleração observada nos preços nos mais recentes levantamentos da Fipe e pela tendência de que a inflação permaneça pressionada, especialmente por causa dos alimentos, no curto prazo.
Se confirmada essa estimativa, o IPC superaria o resultado de 2007, quando mostrou alta de 4,38% nos preços. Entre janeiro e maio de 2008, a inflação foi de 2,82% e superou a taxa observada no mesmo período do ano passado, de 1,81%. Nos últimos 12 meses até maio de 2008, a inflação foi de 5,41%, a mais elevada neste tipo de comparação desde a segunda quadrissemana (período de 30 dias encerrado na segunda semana do mês) de agosto de 2005, quando ficou em 5,57%.
Mea-culpa – O coordenador disse que a revisão na previsão do ano também tem uma forte ligação com um erro dele na antiga estimativa para o grupo Habitação em 2008. “Estava trabalhando com um número errado de 1,50%.” Só entre janeiro e maio, a inflação do grupo já foi de 2%. “Agora, estamos aguardando uma variação de 4,50% para este grupo no final do ano”, explicou.