Setor que impulsionou o PIB brasileiro nos últimos anos deve sofrer com crise hídrica e fenômenos climáticos
Motor da economia nos últimos anos, a agropecuária deve limitar o avanço do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro neste ano. Em 2020, quando a soma dos bens e serviços produzidos recuou 4,1%, o setor saltou 5,7% e limitou as perdas da economia amplamente afetada pela pandemia do novo coronavírus.
Agora, ambiente já é mais adverso para o agronegócio, que sofre com fenômenos climáticos e a maior crise hídrica dos últimos 91 anos. No segundo trimestre, o setor recuou 2,8% e guiou a estabilidade do PIB no período entre abril e junho (-0,1%).
“O agronegócio foi o que tirou a gente lá de baixo, crescendo 5,7% no ano passado. Com as geadas, o frio quebrando safras e a possibilidade da crise hídrica, já existem projeções apontando para a estabilidade do setor”, observa o economista Roberto Dumas, do Insper.
A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) indica que o resultado adverso do setor agropecuário ocorreu com o ingresso da safra do café no cálculo do índice. “A safra do café está na bienalidade negativa, que resulta numa retração expressiva da produção”, explica ela.
O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, afirma que o resultado do segundo trimestre do segmento ainda não vai além das oscilações frequentemente apresentadas pelo setor. Para ele, o desempenho dos serviços deve ser visto com mais cautela do que o agronegócio.
“O agronegócio tem um crescimento sólido e consistente. É evidente que problemas são criados por ruídos políticos e fiscais e volatilidade cambial, mas é um setor ainda bem consistente, que conseguiu se sustentar durante a pandemia”, destaca Sanchez.
No começo da semana, várias entidades representativas do agronegócio brasileiro saíram em defesa do Estado Democrático de Direito e pediram “liberdade para empreender, gerar, compartilhar riqueza, contratar e comercializar, no Brasil e no exterior”.
O documento assinado pelas principais associações do setor ressalta que as cadeias produtivas do segmento precisam de estabilidade, segurança jurídica e harmonia para poder trabalhar. “De qualquer politização ou partidarização nociva que, longe de resolver nossos problemas, certamente os agravará”, afirmam as entidades.
R7