O presidente afegão, Hamid Karzai, afirmou nesta quarta-feira que seu país não tolerará mais o alto número de vítimas em operações lançadas pelas forças de coalizão no país. No total, a mais recente ação, que durou três dias, matou 136 pessoas.
O Exército dos EUA alega que as vítimas nos confrontos são rebeldes da milícia Taleban, que controlava 90% do Afeganistão até 2001, quando foi deposta após a invasão americana. No entanto, a população e o governo afirmam que as ações matam um grande número de civis.
“A intenção dessas operações é combater o terrorismo. Às vezes, comete-se alguns erros mas, depois de cinco anos, é muito difícil continuar a aceitar mortes de civis”, afirmou Karzai.
Rafiq Shirzad/Reuters
Afegãos queimam bandeira durante protesto contra mortes de civis em Nangarhar
A operação militar, que teve início na sexta-feira (27) e terminou no domingo (29), foi conduzida por forças afegãs e americanas na Província de Herat, no vale de Zerkoh, e deixou 136 mortos. Os EUA alegam que todos os mortos eram supostos rebeldes talebans.
A violência desencadeou intensos protestos entre a população afegã nos últimos dias.
Um morador identificado como Mohammed, que estava sendo tratado em um hospital nesta quarta-feira, contou ter ficado ferido durante um bombardeio aéreo. “Não havia Taleban. Dez parentes meus morreram, inclusive dois dos meus primos”, disse ele à Associated Press.
Vítimas
Apesar da indignação do governo e da população, o Exército dos EUA nega que as operações militares tenham civis como alvos. “Fazemos tudo para evitar que civis sejam mortos em nossas ações, e não temos registros dessas mortes”, disse o porta-voz Chris Belcher.
As forças de coalizão alegam que suas tropas destruíram sete posições do Taleban no vale e mataram 87 rebeldes durante um confronto que durou 14 horas nesta segunda-feira. Outros 49 talebans teriam morrido alguns dias antes em ataques a tiros a aéreos.
Segundo contagem da Associated Press, ao menos 151 civis morreram nos últimos quatro meses no Afeganistão, entre eles, 51 mortos por forças da Otan e da coalizão. O número não inclui as vítimas a operação do último final de semana.
Em outubro de 2006, entre 30 e 80 civis morreram em ataques aéreos em Panjwayi, distrito do sul do país. A Otan admitiu, posteriormente, que ao menos 12 das vítimas eram civis.
Um recente relatório da ONG Human Rights Watch aponta que a Otan e o Exército dos EUA mataram ao menos 230 civis no Afeganistão no ano passado.
Com Associated Press