O coronel acompanhou a análise dos dados realizada pelo laboratório do Transportation Safety Board (TSB – Conselho de Segurança dos Transportes), em Ottawa, no Canadá. O ministro da Defesa não revelou quando os dados serão divulgados.
O TSB forneceu às autoridades brasileiras gráficos e animações sobre o acidente, segundo informou o coronel. Esse dados devem ser de novo analisados, no Brasil. Ferreira embarcou de volta para o Brasil ontem, mas deve retornar ao TSB assim que a caixa-preta com o cilindro de voz do Boeing for encontrada em Mato Grosso.
O coronel passou a maior parte da semana passada num dos laboratórios do TSB. Na sala branca, cheia de computadores e gravadores, são feitas as cópias e as análises dos dados de caixas-pretas de aviões, trens e navios.
O departamento de engenharia do TSB fica nos arredores de Ottawa, ao lado do aeroporto da cidade, entre uma dezena de prédios de departamentos do National Research Council (NRC – Conselho Nacional de Pesquisas), uma referência científica mundial, onde são realizadas as principais e mais complicadas pesquisas do Canadá.
O prédio do TSB – que não tem ligação com o NRC – é branco e baixo como os outros. Nos fundos, ergue-se um galpão. Ali, são estocadas partes de aviões, trens, navios e oleodutos que, por conta de graves acidentes, foram parar nas mãos dos investigadores dessa agência independente do governo canadense.
“Nosso trabalho é selecionar a maior quantidade possível de material para determinar a falha, identificar sua origem e o modo como aconteceu”, diz Mark Wallis, engenheiro mecânico sênior do TSB. O conselho só investiga entre 2% e 3% dos acidentes do país, o que dá de 70 a 100 casos por ano. São em geral os mais graves ou os que põem em risco o sistema de transportes do Canadá. Algumas investigações são concluídas anos após o acidente. Em média, elas duram entre 500 e 600 dias.
Na frente do galpão estão os laboratórios, muitos com velhas máquinas, destoando da imagem de tecnologia de ponta que o TSB passa. Num dos laboratórios, onde são feitos testes mecânicos, químicos e físicos, há um aparelho que mede, por reflexão, objetos tão pequenos que não podem ser tocados. “Você coloca o objeto dentro da máquina e sua imagem é medida”, explica Willis.
Algumas salas depois está uma das mais novas aquisições do TSB, um microscópio eletrônico que permite aos engenheiros aumentar em até 10 mil vezes a visão que teriam de pedaços de metal, por exemplo. “Este aparelho é a melhor ferramenta que temos para descobrir o local exato em que a falha de uma determinada peça começou”, conclui Willis. Colaboraram Tânia Monteiro e Vannildo Mendes