Um estudo realizado em ratos nos Estados Unidos sugere que a ingestão de sacarina – tipo de adoçante usado principalmente em refrigerantes dietéticos – pode provocar aumento de peso maior que a ingestão de açúcar.
Segundo os pesquisadores da Universidade de Purdue, em Indiana, o sabor doce causado pelo consumo de sacarina estimula o sistema digestivo a se preparar para a ingestão de uma grande quantidade de calorias. Se essas calorias não são ingeridas, eles afirmaram, o organismo fica desregulado e, como resultado, pede mais comida ou queima menos calorias, o que provocaria o aumento de peso.
O estudo, publicado na edição desta semana da revista científica “Behavioral Neuroscience”, gerou reações da indústria alimentícia, para quem a pesquisa “simplifica” as causas da obesidade.
Calorias
Para realizar o estudo, os cientistas acompanharam a alimentação de 17 ratos. Nove receberam iogurte adoçado com sacarina e oito com açúcar. Depois do iogurte, os animais receberam a dieta normal.
Após cinco semanas, os ratos que consumiram a sacarina ganharam 88 gramas, enquanto os que ingeriram glicose tiveram um aumento de peso de 72 gramas – uma diferença de mais de 20%.
Os ratos que tomaram o iogurte com a sacarina consumiram mais calorias e tiveram aumento de 5% na taxa de gordura do corpo, de acordo com o estudo.
“Os resultados claramente indicam que consumir alimentos adoçados com sacarina pode levar a um aumento de peso e da taxa de gordura maior do que o consumo de açúcares calóricos”, diz o estudo.
Segundo Susan Swithers, uma das autoras da pesquisa, as experiências em laboratório indicam ainda que outros adoçantes artificiais, como o aspartame e o acessulfame K, que oferecem o gosto doce, podem ter o mesmo efeito da sacarina.
Críticas
O estudo gerou reações da indústria alimentícia. Em uma entrevista publicada na edição desta segunda-feira do jornal americano “Los Angeles Times”, Beth Hubrich, uma das representantes dos fabricantes de refrigerantes dietéticos nos EUA, rejeitou os resultados da pesquisa.
Segundo ela, “o estudo simplifica demais as causas da obesidade”. Além disso, afirmou, “a descoberta nos animais pode não ser verdadeira quando testada nos humanos”.
Um porta-voz da Fundação Britânica de Nutrição afirmou que os resultados são “interessantes”, mas não provam que os adoçantes podem ser prejudiciais nas dietas dos humanos.
Uol