O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, assegurou nesta terça-feira que praticamente já foi alcançado um acordo sobre um projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU para impor novas sanções contra o Irã por seu programa nuclear.
“Trabalhamos muito e acreditamos que praticamente se chegou a um acordo”, afirmou Putin em uma coletiva de imprensa realizada junto a seu colega turco Recep Tayyip Erdogan, à margem de uma cúpula sobre segurança na Ásia.
“Nosso ponto de vista é que essas decisões não devem ser excessivas e não devem colocar o povo iraniano numa posição difícil, que poderia obstruir o caminho para um uso pacífico da energia nuclear”, acrescentou o chefe de governo russo citado pela agência russa Itar-Tass.
Votação nesta semana
Governos ocidentais esperam votar na quarta-feira uma nova resolução do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) com sanções ao programa nuclear do Irã, segundo diplomatas.
Na última segunda-feira, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Philip Crowley, afirmou que o projeto de resolução deverser submetido já nesta semana ao voto do Conselho de Segurança. “Prevemos submeter esse assunto ao Conselho nesta semana”, declarou Crowley à imprensa, defendendo uma aceleração do processo diplomático.
Brasil e Turquia, membros não-permanentes do Conselho de Segurança, argumentam que uma nova rodada de sanções seria contraproducente. A pedido dos dois países, o Conselho de Segurança deve realizar mais uma reunião para discutir a questão do Irã antes de votar a resolução.
Diplomatas dizem que a data exata da votação depende de um acordo final sobre os anexos que listam indivíduos e firmas afetados sujeitos a congelamento de bens e restrições a viagens internacionais.
A resolução prevê medidas contra novos bancos iranianos no exterior, caso haja suspeitas de ligação com programas nuclear e de mísseis, e também uma vigilância sobre transações com qualquer banco iraniano, inclusive o Banco Central. Ela também amplia o embargo de armas da ONU contra Teerã.
O Irã se negará a iniciar novas discussões sobre seu programa nuclear se sofrer sanções por parte da ONU, afirmou nesta terça-feira, em Istambul, o presidente Mahmud Ahmadinejad, advertindo que um acordo como o alcançado com a Turquia e o Brasil sobre uma troca de urânio é algo que não se repetirá. “Já disse que a administração americana e seus aliados se equivocam se acham que podem esgrimir a ameaça de uma resolução e depois sentar à mesa para negociar conosco. Isso não vai acontecer”, afirmou.
Ahmedinajed pediu às potências ocidentais que aceitem o acordo elaborado entre o Irã, a Turquia e o Brasil sobre uma troca de combustível nuclear em território turco, afirmando que se trata de uma oportunidade única.
Brasil e a Turquia mediaram um acordo no último mês em que o Irã concordou em enviar parte de seu urânio de baixo enriquecimento ao exterior em troca de combustível para um reator de pesquisa médica.
O acordo prevê a troca de 1,2 tonelada de urânio com baixo grau de enriquecimento (3,5%) do Irã por urânio com grau maior de enriquecimento (20%) vindo do exterior para ser usado como combustível em um reator nuclear em Teerã, construído anos atrás pelos Estados Unidos para pesquisas médicas.
O acordo foi inicialmente sugerido como forma de permitir à comunidade internacional o acompanhamento do material nuclear que o Ocidente suspeita ser para a construção de armas nucleares no Irã.
O Irã diz que seu programa de desenvolvimento nuclear tem o objetivo de produzir energia para uso civil, mas autoridades americanas e europeias revelaram atividades que não parecem relacionadas à simples produção de eletricidade, afirmando que Teerã não cumpriu com obrigações do Tratado de Não-Proliferação Nuclear para permitir inspeções a todas suas instalações nucleares.
U.Segegundo/Com Reuters, AFP e BBC Brasil