Acusado pela Polícia Federal de receber propina de R$ 100 mil da Construtora Gautama, o ministro Silas Rondeau (Minas e Energia) foi aconselhado nesta segunda-feira (21) a afastar-se do cargo. O conselho partiu justamente de líderes do grupo que patrocinou a nomeação de Rondeau, o PMDB do Senado. Aos peemedebistas com os quais conversou, pelo telefone, o ministro deu indicações de que pode formalizar o pedido de desligamento do cargo.
Sugeriu-se a Rondeau que seu afastamento se dê em caráter temporário. Ficaria em suspenso a hipótese de retornar ao cargo caso fosse comprovada a sua inocência. Auxiliares de Lula receberam com alívio a disposição de Rondeau. Torcem para que a saída do ministro se materialize ainda nesta segunda-feira. Avaliam, porém, que o ideal seria um pedido de demissão convencional, sem previsão de volta.
Rondeau integra a comitiva de Lula, em viagem ao Paraguai (foto lá no alto). Na noite de domingo (20), o ministro dissera que se sentia à vontade para continuar no cargo. Tachou de “mentira” a acusação formulada contra ele pela Polícia Federal. Porém, viu-se compelido a considerar a hipótese de se afastar ao verificar que a tese ganhara corpo no grupo parlamentar que lhe dá suporte.
Simultaneamente à articulação iniciada para convencer o ministro a deixar o governo, decidiu-se que lideranças do PMDB farão a defesa pública de Rondeau. Caso se confirme, o pedido de afastamento será vendido ao público não como uma evidência de culpa do ministro, mas como um gesto de desprendimento, inspirado no desejo de evitar constrangimentos ao governo Lula.
O maranhense Silas Rondeau, formado em engenharia elétrica, foi guindado à Esplanada dos Ministérios por indicação do senador José Sarney (PMDB-AP). Passou a dirigir a pasta das Minas e Energia ainda no primeiro mandato de Lula, depois que a petista Dilma Rousseff foi transferida por Lula para a Casa Civil. Na reforma ministerial do segundo mandato, Rondeau foi mantido no cargo a pedido de Sarney. A indicação foi referendada pela bancada do PMDB no Senado.
Escrito por Josias de Souza