Preocupado em buscar todos os instrumentos, caminhos e informações para lutar contra avanço do novo coronavírus na capital, o prefeito Emanuel Pinheiro recebeu neste sábado (21) o médico anestesista Diogo Sampaio, vice presidente da Associação Médica do Brasil para uma conversa. Sampaio atualmente integra a equipe criada pelo ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta para combater o progresso do vírus no país.
Diante das medidas drásticas tomadas pelo prefeito para evitar o avanço do coronavírus, como fechamento de estabelecimentos comerciais, suspensão do transporte coletivo, regime de trabalho em home office, entre outros, Pinheiro quis saber do médico se ele acredita que realmente surtirão efeito.
Sampaio comentou que essas são medidas preventivas e que muitas vezes são vistas pela população como amargas, mas que são necessárias para impedir o crescimento exponencial do coronavírus. “Estas ações drásticas impedem uma evolução de casos muito rápida por um curto período de tempo. É isso que tem matado as pessoas nos países como Itália, Espanha e Irã. Parabenizo o senhor prefeito por essas medidas, que visam garantir uma evolução melhor de tudo o que vamos passar aqui no país nos próximos dias. O objetivo é exatamente esse: diminuir o número de casos, diminuir a contaminação, diminuir número de pacientes idosos, ou com doenças crônicas, que são os mais vulneráveis ao COVID-19, doença causada pelo coronavírus, Vamos passar um período de 1 a 3 meses bem críticos, pois a previsão é que no final de abril e no mês de maio tenhamos o pico dos casos. Precisamos garantir que esse pico seja o menor possível, para que o Sistema de Saúde tenha condições de atender a demanda do todos esses pacientes”, explicou o médico.
Outra preocupação demonstrada pelo prefeito durante a conversa foi em relação ao ceticismo de muitas pessoas ainda sobre a gravidade e a rapidez da evolução do novo coronavírus em Cuiabá e no estado de Mato Grosso. “Eu tenho sido muito questionado por agir com rigor e antes que Cuiabá seja tomada pela pandemia. Percebo que existem pessoas que desacreditam a seriedade da situação. Diante disso, qual a mensagem que o senhor pode deixar à população sobre todo este quadro que está se desenrolando, sob a ótica de um cenário nacional, vindo para o cenário de Mato Grosso?”, perguntou Pinheiro.
Sampaio explicou que é importante que todos entendam como acontece a evolução dos casos e o que as autoridades de Saúde esperam que vá acontecer durante esse tempo. “O período é por volta de 5 meses, que começa com uma curva baixinha, com poucos casos, que é o cenário em que Cuiabá se encontra hoje. Por isso que agora é importante as medidas mais drásticas para impedir o que pode acontecer no futuro. Essa curva vai se mantendo, o número de casos vai subindo. Foi assim nos outros estados: tínhamos poucos casos e foi crescendo. Em um determinado momento essa curva sobe de maneira muito rápida em um período muito curto de tempo. Não sabemos qual é o teto dessa curva, e o objetivo dessas medidas preventivas é impedir que essa velocidade seja tão rápida e o número de casos seja tão intenso que o Sistema de Saúde não consiga fazer o atendimento de todos. Isso provavelmente acontecerá no final de abril e no mês de maio. Depois disso teremos um platô lá em cima, que é um número de casos altos durante um tempo, aí começa a ter uma descendente, que deverá ser entre agosto e setembro. Isso é o que se espera que aconteça no Brasil. O quão alto esse pico vai ser vai depender de nós e das medidas que estão sendo tomadas”, revelou.
O médico usou como exemplo alguns números para facilitar o entendimento. “O Brasil está com uma prevalência, que quer dizer casos por 1 milhão de habitantes, entre 5 e 8. A Itália está com quase 900 casos por 1 milhão de habitantes, e ainda está subindo. A Itália ainda está na curva ascendente, ainda não chegou no pico. A Espanha e o Irã também estão nessa situação de curva ascendente. O Brasil ainda está no platô, no começo de tudo. Mato Grosso tem apenas 2 casos confirmados, um aqui em Cuiabá e outro em Várzea Grande.”
Ele explicou que este é o momento de fazer essas medidas drásticas, de evitar aglomerações. “É preciso evitar que tenhamos um transporte coletivo cheia de pessoas, cinemas, academia, shoppings, bares, restaurantes… Entendo que a população fica incomodada, mas é a aglomeração que vai fazer com que haja a transmissão da doença. É muito importante lavar as mãos diversas vezes durante o dia, usar o álcool gel, porque ele mata o novo coronavírus. Também temos que cuidado até com hábitos respiratórios, como por exemplo, quando for tossir ou espirrar, fazer isso na dobra do braço, ou usar um lenço e descartá-lo imediatamente após o uso. Idosos precisam ficar em casa, pois são de 30 a 50 dias que vão salvar várias vidas”, disse.
Dr. Diogo ressaltou a importância da união nesse momento. “Todos temos que estar juntos nesse momento, precisamos suplantar problemas políticos, ideológicos, problemas locais. Precisamos estar todos juntos, pensando igual, nos preparando para que aqui em Cuiabá tenhamos o menor número de casos possível. Temos que entender que o Sistema continua atendendo outros pacientes, pois continuamos a ter acidentados, casos de dengue, casos de apendicite… Agora vamos ter o grupo com coronavírus… É importante que o Sistema aguente essa quantidade de pessoas e para isso é importante que a velocidade da ascensão dessa curva, ou seja, o número de casos seja o menor possível.
Pinheiro concluiu dizendo que é isto que está buscando fazer em Cuiabá com as medidas dos Decretos. “Estamos tentando tomar as medidas mais adequadas para proteger a população cuiabana nessa verdadeira guerra contra o novo coronavírus, Para isso, a participação de todos é fundamental. Não adianta só cobrar do prefeito, do governador, do ministro ou do presidente da República, se cada um não fizer a sua parte. É fundamental que todos redobrem a higiene pessoal, lavando as mãos constantemente, usando álcool em gel, além disso é preciso cuidar dos grupos de risco, fazer o isolamento social… Só assim com todos ajudando, todos fazendo a sua parte, é que conseguiremos evitar a proliferação rápida do coronavírus”, finalizou.