O senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) destilou toda sua ira contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva após seus apadrinhados políticos perderem para o PT e aliados as eleições na Bahia. A vitória de Jaques Wagner (PT) para o governo baiano pôs fim a 16 anos de “hegemonia carlista” no maior colégio eleitoral do Nordeste.
Seus afilhados políticos Paulo Souto, candidato derrotado ao governo estadual, e Rodolpho Tourinho, que disputava vaga no Senado, foram derrotados nas urnas. A surpresa da derrota fez com que ACM evocasse a história para dizer que sua influência política não está comprometida. Em tom profético, anunciou que terá uma “volta triunfal”.
“Continuarei lutando e amando cada vez mais a Bahia. Daqui a pouco, vossas excelências vão ver o desastre do governo baiano e a volta triunfal do carlismo”, ameaçou o senador.
Antônio Carlos gerou suspense no Senado no início desta tarde ao dizer que falaria da tribuna. Todos pararam para ouvir seu discurso, ácido até mesmo quando está de bom humor. Mas o parlamentar foi menos agressivo do que de costume.
Irritado com a disputa local e obcecado por vingar-se do partido de Lula, ele prometeu trabalhar até o fim para eleger Gerado Alckmin (PSDB) presidente, conclamando o País a não votar em “corruptos”.
“Chamo atenção do Nordeste e até mesmo da minha Bahia para que nós impeçamos essa eleição tão danosa para o País e coloquemos um homem honrado no poder, o ex-governador Geraldo Alckmin”, disse.
“Estou convencido de que, com ele, terei um novo Brasil, um novo Brasil sem roubo”, completou. A ressaca eleitoral provocou cenas raras no mundo político. Nesta tarde, ACM foi protagonista de algo pouco usual: um puxão de orelha. Como é temido e respeitado, dificilmente o pefelista é confrontado publicamente por colegas de função.
Mas o senador Eduardo Suplicy (PT), recém-eleito por São Paulo, decidiu que era o momento para isso e, num aparte, disse: “Ulysses Guimarães dizia que precisamos ter uma postura com nossos adversários que nos permita sempre dialogar com eles. Será que não foi o exagero nas suas ofensas contra o presidente Lula que dificultou (sua vitória na Bahia)?”, questionou Suplicy, referindo-se aos ataques do senador a Lula, que o chamou de “bêbado” e “ladrão”.
A resposta foi rápida e irônica: “Se vossa excelência, que é do PT, tem diálogo difícil com o presidente e seu partido, como posso dialogar com esse grupo de seu partido que não é o seu? Agora, vossa excelência, mesmo com seu estilo, sempre foi um homem com uma popularidade imensa em São Paulo. No entanto, dessa vez, o senhor teve uma votação apertada e perigosa. Seria por causa do seu estilo?”, devolveu o senador baiano.
Reuters