Quando os custos apertam e a remuneração é baixa, vendem mais vacas
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No primeiro trimestre de 2025, o número de vacas abatidas em Mato Grosso superou o de bois em 164.310 cabeças. Segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), foram 941.854 vacas enviadas para frigoríficos contra 777.544 bois.
O aumento no abate de fêmeas pode afetar a oferta futura de bezerros, o que tende a pressionar os preços da carne. Para o diretor-técnico da Acrimat, Francisco Manzi, esse movimento marca uma virada no ciclo da pecuária — da baixa para a alta. Apesar da valorização da arroba, ele aponta que os preços das vacas prenhas e paridas ainda não refletem esse novo momento.
“O produtor ainda está descapitalizado. Mandar vacas para o abate é uma forma de reforçar o caixa e investir. Os custos seguem altos”, explica Manzi.
Atualmente, a arroba do boi gordo está em R$ 305 — alta de 50% em relação ao mesmo período de 2024. A arroba da vaca gorda está em R$ 286, com valorização de 56%.
Manzi destaca que esse é um movimento comum em fases de transição no ciclo pecuário. Quando os preços estão bons, os produtores retêm as fêmeas para cria. Quando os custos apertam e a remuneração é baixa, vendem mais vacas.
“Estamos em um ponto de virada. Quando for mais vantajoso manter a vaca para parir, o ciclo entra numa fase de alta mais consolidada”, afirma.
Consumo em queda pressiona o varejo
Apesar da alta nas cotações da arroba, o varejo enfrenta dificuldades. Segundo relatório da Agrifatto, o consumo de carne bovina segue fraco, afetado pela baixa renda da população. Isso tem causado acúmulo de estoques nos frigoríficos e reduzido a pressão por novas compras.
O empresário Carlos Barradas, dono de uma casa de carnes em Cuiabá, diz que os preços subiram cerca de 40% nos últimos
“O consumo caiu e não deve melhorar tão cedo. A concorrência entre frigoríficos no mercado de carne de qualidade ainda é baixa”, observa.
Com informações do Indea