quinta-feira, 07/11/2024
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A vitória da insensatez

Diz o senso comum que um negócio é bom quando o é para ambas as partes, na pior das hipóteses quando é bom para pelo menos uma das partes. A crise da saúde pública de Cuiabá é um contra-senso. Ninguém está ganhando nada, muito pelo contrário, todos estão perdendo. Perdem os médicos, perde a população e perde, principalmente, o prefeito Wilson Santos, que é um pretenso candidato nas próximas eleições. É a vitória da insensatez.
Alguém para se candidatar ao Governo do Estado tem que demonstrar competência para resolver, primeiramente, os problemas de sua cidade, para depois almejar algo maior. Primeiro conquistar o seu povo, para depois lançar-se em novas conquistas.
A solução da saúde de uma cidade pólo como Cuiabá, passa pelos esforços concorrentes dos três níveis de Governo: o federal, o estadual e, principalmente, o municipal. Cuiabá sozinha não terá condições de resolver o problema, pelo menos num horizonte de curto prazo. Prefeitos vão, prefeitos vêm e os problemas só se agravam.
A incompetência demonstrada hoje pela Prefeitura não está na não solução do problema, mas sim em não conseguir administrar esse conflito instalado entre os médicos, através do seu sindicato e o secretário da Saúde de Cuiabá, Luis Soares.
Já dizia o velho sábio Ulisses Guimarães que “a saliva é o combustível dos políticos”. O Wilson já demonstrou, ao longo dos mais de vinte anos de sua bem sucedida vida política, que é um hábil negociador. Não teria chegado aonde chegou se não o fosse. Então o que está faltando para chegar a um acordo consensual entre os médicos e a municipalidade? Falta é disposição para o diálogo.
É necessário que ambas as partes: médicos, secretários, prefeito, sindicato, enfim, todos, dispam-se de seus preconceitos e sentem para dialogar. Esta é uma obrigação cidadã, que está além das fogueiras das vaidades. A população não merece nada menos que isso.
O secretário Luis Soares deve entender que, como em todo grupo, existem médicos bons, dispostos a cumprir com o juramento de Hipócrates e médicos aéticos, que devem ser banidos. Não se pode generalizar, tratar a todos com desconfiança. Por outro lado, o Sindicato dos Médicos não tem o direito de exigir a cabeça do secretário de Saúde. Que se prendam às reivindicações de sua classe e não queiram assumir responsabilidades e direitos que não lhe são próprios. A nomeação de secretários é competência privativa do prefeito, e disso ele não pode abrir mão, por pressão de quem quer que seja.
O Wilson, embora paulista de nascimento (não é de tchapa), foi adotado pela cuiabania, e isso foi decisivo nas suas duas eleições vitoriosas à prefeitura. Como explicar agora para os cuiabanos que substituiu os médicos da terra, pessoas conhecidas, por uma empresa gaúcha, para prestação dos serviços terceirizados? Pode explicar à vontade, porque ninguém vai entender.
Se eu pudesse dar um conselho a alguém, eu o daria ao secretário Luis Soares, que grandes serviços tem prestado ao seu partido e a sua cidade. É hora de bater em retirada. É melhor perder uma batalha do que perder a guerra. Porque se insistir em continuar agindo, como tem feito até agora, corre o risco de ser responsabilizado pelo possível insucesso do Wilson nas próximas eleições.

(*) Waldir Serafim é economista e professor universitário

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Parmenas Alt
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