A impermanência é uma presença constante em nossa vida. Percebê-la, porém, é um desafio. Uma forma de lidar com essa complexa questão está em assistir ao filme ‘Impermanência’, do diretor chinês Zeng Zeng. Três personagens protagonizam histórias em que decisões passadas afeitas momentos presentes. Mas tudo pode mudar a qualquer momento.
Na cidade chinesa de Huinan, essas narrativas se cruzam e se afastam. O mote inicial está no fato de um monge deixar um saco de dinheiro num hotel decadente. O casal proprietário entra então em atrito. O que fazer? Gastar ou tentar devolver? A esposa prefere ficar cm o dinheiro e se salvar da própria situação econômica frágil. O marido discorda. Porém, ela morre. E ressurge como fantasma a assombrar o x-companheiro.
E a situação se torna ainda mais complexa… Há Um pai que abandonara a mãe grávida de um filho seu e verifica que aquela criança, agora homem feito, como se dizia antigamente, está fazendo o mesmo, ou seja, sumindo da existência da moça com a qual gerou uma vida.
O cenário de um rio, cruzado lentamente por uma embarcação e de uma estrada chuvosa reforçam esse sentimento de que a vida é uma tomada de decisões permanente – e que, para cada ação, há uma reação. O pensamento oriental permeia esse cruzamento de fábulas que nos obriga a parar para repensar o significado de nossa, muitas vezes torpe, existência.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. |