quinta-feira, 21/11/2024
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A Juventude dos Partidos

Quando era cronista do jornal “O Globo”, no ano de 1967, Nelson Rodrigues disse que antigamente ninguém queria ser jovem. Segundo ele, no começo do século passado as pessoas já nasciam com mais de 50 anos. De fato, os jovens, assim que podiam, deixavam crescer o ou o bigode, ou o cavanhaque, ou a barba, para que tivessem aspecto de mais idade.

Pouco mais de quarenta anos passados do texto, e muitos mais do “antigamente” a que se refere, a juventude está mais que nunca na moda. Ninguém parece querer aceitar o tempo que passa (ou que o que o tempo passa). Existe um frisson pela juventude. Em uma época onde a tecnologia imprimiu um novo ritmo ao tempo e a medicina quase descobriu o “elixir da longa vida”, o que se vê é uma maturidade com aparência jovem e um profundo desrespeito pela juventude.

Todos querem parecer jovens, mas ninguém o que ser, de fato. O jovem ainda vive sob o estigma da irresponsabilidade, do descompromisso, da rebeldia.

Tudo fica ainda pior quando representantes de setores governamentais, que deveriam ter discursos pró-juventude, visando explorar o potencial e gerar oportunidades, fazem pronunciamentos desprezando quem tem pouca idade.

Um ambiente de formação, por excelência, para o jovem-cidadão são os partidos políticos e seu segmento jovem. A participação das discussões e do processo decisório de programas de governo/sociais, marcando posição e contribuindo para a formatação da sociedade é uma das formas mais significativas de formação adultos conscientes e de afastar o jovem da delinqüência.

No entanto, há algum tempo, o prefeito de uma cidade de Mato Grosso, em pronunciamento, disse que “as juventudes dos partidos só servem para animar comícios”. Mais de que deselegante, foi desastroso o pronunciamento.

O chefe do Poder Executivo, líder, por certo, do partido dentro do município, referência maior da população, relega a juventude o papel de micos de auditório. Inaceitável. Absurdo. Lamentável.

A coordenação dos trabalhos da juventude deve caber a pessoas com mais experiência e, se por ventura os trabalhos não vêm acontecendo a contento, cabe um mea culpa e a busca por soluções, não uma crítica deslavada contra quem necessita de exemplos para seguir.

Ainda que não me sinta mais integrante da juventude (as cãs aparentes, as entradas e a data de nascimento me afastam cada vez mais desta fase da vida), acredito nela. A força, a vitalidade e a energia dos jovens têm o condão transformador. A realidade social, sempre dizia o professor Carlão (que tanta falta faz à academia, à construção do direito e aos bares), não nasce em árvores, pendentes como frutos. A realidade social é construída a cada dia.

Acredito que a construção de um mundo melhor passa, inevitavelmente, pela melhor formação do jovem, pela abertura ao debate, pela conscientização do poder reformador e reformulador que têm a juventude.

Com relação àquele prefeito a quem me referi (e que deve ter nascido com 50 anos, como na crônica rodrigueana), o seu pronunciamento não foi de todo inútil. Ao menos serve de mau exemplo.
Xisto Bueno
www.arquivosdoxis.blogspot.com

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Parmenas Alt
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A estrada é longa e o tempo é curto. Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as consequências destas ações.
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