quinta-feira, 21/11/2024
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A FALÁCIA DO GOVERNO TÉCNICO

Com discurso de renovação, Pedro Taques foi eleito por 38% dos votos aptos e 57,31% dos votos válidos. Seus 833,788 mil votos representa uma minoria perto dos 2,188 milhões de eleitores de Mato Grosso. Na fase de transição, escolheu, com acuidade de cirurgião, uma equipe que não denotasse cunho político, embora tenha sido um esforço em vão, já que após a composição, foi difícil detectar algum nome de sua equipe que tenha sido estritamente técnico. Senão vejamos:

Um dos membros da equipe de transição, segundo o próprio site oficial de campanha, foi Reinhard Ranminger, filiado ao PMDB desde 1980, tendo sido ex-secretário de Agricultura de Carlos Bezerra e ex-deputado.

O Secretário de Educação, Permínio Pinto, é um reconhecido militante tucano. Como se não bastasse sua formação profissional de agrônomo tendo como principal atividade econômica o ramo da pecuária. No início Permínio sofria resistência do prefeito Mauro Mendes que o tinha como uma indicação política, para acalmá-lo, Taques abriu espaço para o PSB indicar o secretário de Agricultura e o chefe de gabinete.

Suelme Evangelista, o mais político de todos, com formação em história e antropologia, foi indicado pelo PSB para ocupar a Secretaria de Agricultura. Nos corredores da UFMT já se perguntam se no ICHS já estão ensinando plantar horta.


Seneri Paludo, é um agrônomo que vai cuidar da Secretaria de Desenvolvimento econômico (Indústria e Comércio), como se não bastasse a falta de sintonia entre sua formação e o cargo que hora ocupa, é um quadro de excelência vindo do MAPA que já demonstrou fortes ligações com Neri Geller e Juarez Fiel (PMDB e PSD, respectivamente). 

 

Marcelo Duarte que ficou responsável pela infraestrutura, tem formação acadêmica em história, é ex-diretor da Aprosoja, e possui fortes ligações com o vice-governador, Carlos Fávaro, que vem a ser indicação do mega pecuarista Eraí Maggi, e por sua vez não esconde o interesse na logística do estado.

 

Marco Marafon é um advogado, que cuidou dos interesses de Taques no meio jurídico, e foi escolhido para o Planejamento, sem nenhuma especialização na área, a não ser jurídica.

 

Eduardo Chiletto, embora seja o único com perfil técnico por ser um arquiteto na Secretaria de Cidades, foi um dos coordenadores de campanha de uma candidata a deputada. Não tem nenhum trânsito em Brasília ou experiência adquirida para uma pasta tão importante.


Na Secretária de Ciência e Tecnologia, Luzia Trovo, é ex-servidora da Secitec na gestão Blairo/Silval. Layr Mota, derrotado para deputado pelo PP e ligado ao deputado Ezequiel Fonseca, foi para a Empaer.


O procurador-Geral, escolhido por Taques, Patrick Ayala, é professor da UFMT, e foi advogado do ex-secretário da Sema, Luiz Henrique Daldegan, homem de confiança do ex-governador Blairo Maggi. 


Sobrinho do sanitarista Valdir Bertúlio, Marco Aurélio, assumiu a Secretaria de Saúde. Chama atenção o fato do tio ser do PSOL e o partido ter lançado um quadro fraco ao governo, sublimando eventuais votos para não provocar um segundo turno, o que favoreceu a eleição do Taques, e ainda atrapalhando a reeleição do deputado Valtenir Pereira, que teve que disputar espaço com o tarimbado Procurador Mauro.

 

Paulo Brustolin, da Fazenda, é ligado ao presidente municipal do PDT, Kamil Fares, tendo sido até antes de ascender o governo, um dos diretores da Unimed. Uma diferença gritante entre administrar um plano de saúde e as finanças do estado.

O Secretário da Casa Civil, primo do governador, que exerce as funções de advogado e marqueteiro, é o super-poderoso que cuida de 5 gabinetes com status de secretarias, autarquias e com a caneta das nomeações na mão.

 

Valdiney Arruda, da Secretaria de Trabalho, Emprego e Assistência Social, ligado ao ex-deputado Abicalil, ocupava a Diretoria de Combate ao Trabalho Escravo em Mato Grosso na cota de Otaviano Piveta e do PDT nacional.

Três Secretarias foram criadas exclusivamente para acomodação política. São elas:

Transparência e Combate à Corrupção, com a blogueira Adriana Vandoni, que ganhou seu quinhão pelos serviços prestados ao PDT, na eleição e antes dela.


Eduardo Moura, Desenvolvimento Regional, banqueiro filiado ao PPS mas que acabou sendo indicação do ex-senador Jaime Campos.


E Gustavo de Oliveira que assumiu Projetos Estratégicos, oriundo da Fiemt, é ex-homem de confiança e das licitações de Mauro Mendes, que emplacou mais do que o Detran, nesse início de governo.

 

Os outros nomes são quadros ligados a empresários, financiadores de campanha e Ministério Público. Aliás, uma bela jogada para constranger o trabalho do MP junto a sua administração.

 

Nesse universo não há, portanto, entre os nomeados, ninguém que seja estritamente técnico. A propósito, não tem especialista em nenhuma área deste governo, e todos os nomes em questão foram, de alguma forma, tangenciados politicamente.


Não se quer aqui, diminuir o tamanho de nenhum dos Secretários da nova gestão, mas apenas desmitificar, de uma vez por todas, a balela alardeada aos quatro ventos que a equipe é técnica, sem contaminação política.

 

A verdade, mesmo que em simples apresentações, não podem ser sublimadas, sob pena de se queimar logo na largada.

José Marcondes Muvuca é jornalista e ex-candidato ao governo do estado.

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Parmenas Alt
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