Hoje é comemorado o Dia da Conquista do Voto Feminino no Brasil, que passou a ser obrigatório a partir de 1946. Uma data que deve ser lembrada, uma vez que até hoje, em pleno século XXI, as mulheres ainda encontram dificuldade de serem inseridas na política. As poucas que conseguem, muitas vezes, encontram dificuldades de se manter e precisamos alterar esta lógica de que política é coisa de “macho” neste país.
A resistência feminina na política é antiga, desde 1922 quando Bertha Maria Júlia Lutz, uma das pioneiras nessa batalha pela igualdade de direitos entre homens e mulheres, representou as brasileiras na assembléia-geral da Liga das Mulheres Eleitoras nos Estados Unidos, onde foi eleita vice-presidente da Sociedade Pan-Americana. Ao regressar, criou a Federação Brasileira para o Progresso Feminino a fim de continuar a luta pela extensão de direito de voto às mulheres, até o decreto ser sancionado por Getúlio Vargas.
O voto feminino foi garantido, no entanto, a cidadania não. Muitas mulheres são excluídas do processo eleitoral, simplesmente pelo preconceito ainda teimoso em existir. Não se candidatam, não ousam entrar neste meio. São desestimuladas a participarem dos pleitos. Aquelas que rompem a barreira para serem candidatas, sofrem com a falta de apoio, falta de estrutura e recursos financeiro e humano.
Como disse o Presidente Lula durante o 4º Congresso Nacional do PT recentemente, “a verdade é que a mulher ainda é tratada no submundo de cada residência, como se fosse um objeto de segunda classe”, ela não participa da política, é impedida, uma vez que não é um setor considerado próprio DELAS. A lei de igualdade de voto ajuda, a Constituição também ajuda, mas o que é necessário, o que é preciso, é a quebra do preconceito, a quebra de uma cultura machista.
Nossa cultura patriarcal ainda nos impede de enxergar que a mulher pode comandar, gerir e executar política. Este é um desafio que costuma mover a luta feminina, mostrando sua capacidade de superação de limites. Com base nos meus mais de 20 anos de vida pública e outros 25 de vida universitária, convivendo com vários tipos de pessoas, posso garantir que a mulher se supera a cada dia.
Há tempos nós mulheres, lutamos por isso, por uma posição na política brasileira. Este ano, as eleições estão aí. A mulher na política tem sido o tema principal, já que teremos, pela primeira vez, várias candidatas potenciais do sexo feminino concorrendo à vaga de Presidente da República. É uma conquista! As mulheres estão chegando…
Vamos fazer do Dia da Conquista do Voto Feminino, 24 de fevereiro, não só uma data a ser lembrada, mas uma bandeira a ser erguida. A mulher conquistou o voto, mas não conquistou a política. Vamos conquistá-la!
*Serys é 2ª Vice-Presidente do Senado Federal e Senadora do PT por Mato Grosso
A conquista do voto feminino será a conquista política?
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