A busca da felicidade pode causar depressão, segundo pesquisa. Cientistas da Universidade de Reading avaliaram a saúde emocional de 450 pessoas.
Eles descobriram que as pessoas que valorizavam muito a felicidade tinham menos capacidade de controlar os sentimentos e aproveitar as experiências positivas, o que poderia causar a depressão.
Os cientistas advertem que valorizar muito a felicidade pode fazer com que as pessoas prestem atenção demais em eventos cotidianos, inclusive os negativos.
No Journal of Happiness Studies, eles explicam que a felicidade, considerada por muitos um objetivo de vida, é “importante para viver bem e de forma funcional”.
A valorização de emoções positivas é vinculada ao aumento da sensação de satisfação na vida. No entanto, em outros estudos, ela é associada à solidão, ao transtorno bipolar e a problemas de relacionamento.
A busca da felicidade está associada à infelicidade nos Estados Unidos, mas em pesquisas realizadas na Rússia e na Ásia Oriental, os resultados foram diferentes.
Para entender melhor essa questão, os cientistas pediram a 151 alunos de uma universidade britânica que respondessem a um questionário sobre felicidade.
Eles tinham que dizer se concordavam com declarações como: “Eu gostaria de ser mais feliz do que sou”, “Mudo a forma de pensar sobre as situações para controlar minhas emoções” e “Estou tão triste ou infeliz que é insuportável”.
Os resultados sugerem que a valorização da felicidade está conectada de forma significativa aos sintomas de depressão.
Prestar atenção demais nas emoções pode tirar o foco das tarefas que precisam ser feitas. Dessa forma, as pessoas não alcançam seus objetivos, o que pode causar a depressão.
“Observamos que a incapacidade dos participantes de se concentrar quando sentiam diversas emoções é um fator importante nessa ideia de não conseguir aproveitar as experiências positivas”, explica a Dra. Julia Vogt, autora do estudo.
O esforço para estar sempre feliz também pode fazer com que as pessoas evitem situações difíceis que poderiam trazer benefícios a longo prazo.
Por exemplo, não estudar para uma prova porque é muito estressante, mas estar despreparado no dia do exame.
No segundo experimento, os cientistas voltaram a analisar estudantes universitários no Reino Unido, desta vez perguntando a nacionalidade deles.
Entre os 299 participantes, aproximadamente três quartos (73,2%) eram britânicos.
Eles leram as mesmas afirmações da pesquisa anterior e também as seguintes: “Gosto de sentir a expectativa quando penso em coisas boas que estão por vir” e “Gosto de relembrar momentos felizes do passado”.
Mais uma vez, a valorização da felicidade foi vinculada a sintomas depressivos.
Essa tendência foi mais acentuada entre os participantes britânicos em relação aos estrangeiros ou com dupla nacionalidade.
“Isso comprova a hipótese de que a associação entre a valorização da felicidade e o mal-estar é cultural”, explicam os cientistas.
As culturas ocidentais valorizam “emoções positivas que geram muita expectativa”, afirmam os cientistas. Quando essas expectativas não são atendidas, pode surgir um quadro de depressão.
Outra explicação é que os ocidentais enfatizam as conquistas pessoais, reduzindo o contato social.
“A relação entre a valorização excessiva da felicidade e os sintomas depressivos é muito mais significativa nos participantes do Reino Unido que nos de outras nacionalidades ou com dupla cidadania”, conta a Dra. Vogt.
“Não chegamos ao ponto de testar quais são as diferenças, mas parece haver uma divergência considerável entre as culturas ocidentais de língua inglesa e as outras em relação à forma como a valorização da felicidade influencia nossas experiências e nosso humor.”
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