Você tem medo de anestesia? Mais de 240 milhões de procedimentos com anestesia são realizados pelo mundo a cada ano– só no Brasil são cerca de 12 milhões. A amplitude dos locais e situações relacionadas à necessidade do médico anestesista cresceu de forma vertiginosa na última década. Aqui, porém, ainda há uma carência de pessoas, infraestrutura e suporte técnico para a realização de uma anestesia segura. Dados da Organizaçāo Mundial de Saúde e da Federaçāo Mundial de Anestesiologistas mostram que cinco de cada sete habitantes do mundo nāo têm acesso a uma cirurgia ou anestesia seguras no país.
E esses mesmos relatórios mostram que os sistemas de saúde gastam, de cada 1 dólar investido no cuidado ao paciente, entre 30 e 40 centavos para corrigir os erros e problemas criados em torno desse cuidado.
E neste contexto mundial, onde está o Brasil?
Investe-se pouco em saúde no Brasil – sobretudo em qualidade. A área da anestesia, claro, ressente-se com isso. Há equipamentos velhos, sucateados e com assistência técnica insuficiente. E num cenário de deficiências crônicas fica evidente a disparidade entre o sistema público e o privado. Claro que há exceções de um lado e de outro, mas, de modo geral, as diferenças são muito distintas.
Ainda há muito que ser feito. Alguns exemplos: as sociedades médicas têm de investir mais em educação continuada; os sistemas de saúde devem usar medidas de avaliação e formas de pagamento que busquem responsabilizar o cuidador pelo resultado, por performance.
A especialidade médica anestesiologia somente se tornou realidade em 16 outubro de 1886, nos EUA , no Hospital da Universidade de Harvard. Após uma demonstração utilizando éter, o dentista Willian Morton anestesiou um paciente e deu início à era moderna da cirurgia. Agora o sofrimento e a dor tinham encontrado sua solução !
Mas vamos aos fatos de hoje: esse nāo é um tema de relevância nas discussões sobre saúde. Falamos da fila, da demora no atendimento, da falta de médicos, de enfermeiros e de outros profissionais de saúde, da ausência de leitos de UTI, de prontos-socorros, da falta e do custo de remédios e tratamentos, entre outras tantas mazelas.
A pergunta que fica para todos aqueles que militam nessa área. Temos feito o melhor que podemos e devemos?
Enis Donizetti Silva/VEJA.COM